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Notas conclusivas

 

 Isabel Quaresma, a menina que viveu a sua infância dentro de um galinheiro, pode ser considerada uma criança selvagem. Na verdade, ainda que,  ao longo dos oito anos do seu cativeiro, tivesse mantido alguma relação humana com a mãe, é muito provável que esta pouco ou nada falasse com a filha limitando-se, muito provavelmente, a alimentá-la tal como alimentava as galinhas com que a obrigou a conviver.

Uma vez feita a sua entrada na sociedade, a Isabel teve alguns progressos embora o seu desenvolvimento tenha sido lento. No início, o próprio contacto com as pessoas era complicado. Só bastante tempo depois é que  foi possível sentir-se à vontade com duas ou três pessoas.

A nível biológico e fisiológico, Isabel apresentava índices de velhice muito acentuados. Tinha problemas de coluna, não se conseguindo equilibrar muito bem numa cadeira mas aprendeu a andar sozinha. 

Relativamente a processos de instrução, verifica-se que ela conseguiu aprender a descascar laranjas e bananas, a abrir algumas portas e a manipular a televisão. Também aprendeu a pegar num lápis e a riscar.

Analisando os processos de educação, a Isabel fez alguns progressos a vários níveis:

  • Sociabilidade: não dorme no chão, usa roupas limpas, usa uma casa de banho (embora tenha de ser uma adequada à sua posição), consegue ter alguma actividade durante dez minutos seguidos e sabe estar em grupo.
  • Sentimentos: não tem medo das pessoas, percebe a expressão facial dos outros e sabe quando estão tristes ou contentes e, por vezes, reage ao comportamento das pessoas.
  • Sensibilidade: não gosta de comer fruta com casca, gosta de ver algumas coisas na tv, tem fascínio pelo tiquetaque dos relógios, sabe separar as cores, etc.
  • Física: consegue andar, embora com alguma dificuldade em pisos irregulares.

Relativamente aos progressos a nível do ensino, pode-se ver que Isabel não fala mas tem linguagem receptiva, se se lhe falar em termos simples e em sequências curtas. Desenvolve jogos simples, de grafismo, consegue completar jogos de colocação de peças. 

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt