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A mãe, Idalina Quaresma

 

Idalina, do lado esquerdo da foto, com a Isabel e Maria João, em 1980

O primeiro contacto com a mãe de Isabel foi em 1980 com os jornalistas que investigaram este caso. Os jornalistas descreveram Idalina como uma pessoa que denunciava a sua debilidade mental estando ausente e ignorando o que se passava a sua volta. Eram também nítidos sinais de perturbação neurológica, pouca capacidade de socialização e escassas noções morais. Quando questionada sobre o motivo pelo qual deixava a sua filha no curral, respondia que não a tinha onde deixar nem a podia levar para o campo.

Os vizinhos revelaram que Isabel era filha de um cunhado da sua mãe. Disseram ainda que Isabel teria uma irmã que vivia com os avós, filha de um sobrinho de sua mãe e que tinha tido outra irmã que teria morrido poucos dias depois do seu nascimento, filha de um irmão de Idalina.

Quando o caso foi levado a tribunal, Idalina foi considerada inimputável, incapaz de tomar conta da filha e de si própria.

Idalina era pois incapaz de se ocupar da filha de uma maneira mais afectiva e não tinha capacidade para decidir o que queria para a sua vida, nomeadamente na escolha dos pais para os seus filhos (que tinham sido fruto de relações incestuosas com membros da própria família). Idalina era incapaz de decidir, explicar, agir e sobretudo de enfrentar os seus próprios problemas. Era evidente uma nítida confusão temporal, baralhando a sua própria infância com a da sua filha.

Após o internamento da filha, durante os primeiros tempos, Idalina ia visitá-la à Instituição mas, progressivamente, foi deixando de ir. Tinha desinteresse por tudo, incluindo a filha e a sua própria situação. Isabel, por seu lado, não reagia perante a presença de sua mãe, não manifestando comportamentos, nem de aproximação, nem de rejeição.

Passados 18 anos, Idalina é encontrada a viver num lar e gosta de ver o retrato da filha.

A irmã de Isabel, Paula, igualmente doente mental, mas não profunda, aguarda internamento numa instituição, enquanto é assistida num centro de recuperação ligado à Santa Casa da Misericórdia.

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt