O Dr. João dos Santos, um psiquiatra ligado a problemas de saúde mental
infantil, comentou o caso da Isabel. Após analisar a história da criança e a sua
imagem, apercebeu-se rapidamente que se tratava de uma vítima de maus tratos e
abandono, mas que não parecia totalmente irrecuperável.
João dos Santos comparou o caso de Isabel ao Menino
Selvagem de Aveyron,
questionando-se sobre, como seria possível que, num país do séc.XX, acontecessem coisas que
aconteciam no séc. XVIII.
Embora reconhecendoo que os exames médicos eram tanto mais
importantes quanto se tratava de uma criança que nunca tinha ido ao médico,
que não tinha uma
alimentação saudável, que não tinha condições de higiene, que vivia perto de animais e
apresentava diversos problemas na estrutura óssea, João dos Santos
defendia que, só depois de Isabel ser tratada como um ser humano, é
que seria legítimo fazer-lhe todos os exames.
Citando agora o próprio Dr. João dos Santos:
"Qualquer ambiente humano que não dê à pessoa basicamente um contacto físico,
de pele a pele, de corpo a corpo, de gesto a gesto, de manipulação do próprio
corpo do outro, não facilita nem promove a linguagem. A linguagem implica a
existência de pessoas que falem e se exprimam e, por outro lado, implica um
contacto físico que esta criança não tem. Ela de facto comporta-se como as
crianças selvagens."
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