ALBERT EINSTEIN



Alguns dados biográficos
Textos traduzidos

Notas Autobiográficas, in Schilpp, Paul Arthur (ed.), Albert Einstein: Philosopher-Scientist, La Salle/Illinois/London: Cambridge University Press, 1970, pp. 1-95.

Sobre a Educação, in Solovine, Maurice (ed.), Albert Eisntein. Conceptions Scientifiques, Morales et Sociales, Paris: Flammarion, 1958, pp. 37-43.(trad. de Tiago de Freitas Botelho de Oliveira).

Alguns Pensamentos sobre Educação, School and Society (1936), vol 44. pp. 589-592.

Educação e Paz  mundial, Progressive Education (1934), vol. II, p. 440

Sobre a Liberdade, in Solovine, Maurice (ed.), Albert Eisntein. Conceptions Scientifiques, Morales et Sociales, Paris: Flammarion, 1958, pp. 15-17 (trad. de Tiago de Freitas Botelho de Oliveira).

O Método da Ciência, in Madden, Edward H. (ed.), The Structure of Scientific Thought. An Introduction to Philosophy of Science, London: Routledge and Kegan Paul, 1960, pp. 80-84.

Notas sobre a Teoria do Conhecimento de Bertand Russell, in Mackinnon, Edward A. (ed.), The Problem of Scientific Realism, New York: Meredith Corporation, 1972, pp. 174-180.

Carta Aberta à Assembleia Geral das Nações Unidas, in Solovine, Maurice (ed.), Albert Eisntein. Conceptions Scientifiques, Morales et Socials, Paris: Flammarion, 1958, pp. 187-191.

Mensagem à posteridade,  in Solovine, Maurice (ed.), Albert Eisntein. Conceptions Scientifiques, Morales et Socials, Paris: Flammarion, 1958, p. 14 (trad. de Tiago de Freitas Botelho de Oliveira).

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Alguns dados biográficos

Albert Einstein nasceu em Ulm, na Alemanha, em 1879. Começou a falar muito depois dos três anos e quando entrou para a escola não fez nenhum professor suspeitar da sua rara inteligência. “Preferia suportar qualquer tipo de castigo a ter de papaguear coisas aprendidas”, diria Einstein mais tarde. A verdade é que os professores o consideravam sempre como “insociável e com pouca agilidade mental”.

Aos 15 anos abandonou a escola com grande satisfação e passou uns tempos no norte de Itália. Foi aí que leu obras que o marcaram para sempre, nomeadamente, o “Livro Popular das Ciências Naturais”, escrito por Bernstein em 1869. O jovem Einstein, lendo de livre e espontânea vontade, ia-se entusiasmando e saciando a sua curiosidade pela Física e a sua atracção pela infinidade do Cosmos. Auto classificar-se-ia mais tarde  como “livre pensador fanático”.

Posteriormente, tentou inscrever-se no Instituto Federal de Tecnologia, em Zurique, mas reprovou no exame de admissão. Decidiu então matricular-se num liceu, para melhorar os seus conhecimentos. No ano seguinte, conseguiu finalmente ser admitido no Instituto. Nunca foi aluno notável. De nível médio, estudava apenas o necessário para não reprovar. Digamos que Einstein é um dos casos mais flagrantes de desencontro entre a escola e a genialidade. 

No dia 30 de Junho de 1905 publica, na revista científica alemã Annalen der Physik, um artigo sobre a electrodinâmica dos corpos em movimento. Com este e outros dois artigos publicados nesse mesmo ano, Einstein estabelece as bases da Teoria da Relatividade que irá revolucionar a ciência moderna. Dá aulas em Zurique em 1909, depois em Praga e finalmente em Berlim – no momento, centro científico de grande relevância – a convite do físico Max-Planck. A sua consagração verifica-se quando recebe o Prémio Nobel, em 1921.

Ameaçado por Hitler que confisca os seus bens, Einstein abandona Berlim em 1933. Estabelece-se em Princeton nos EUA onde assume a direcção do “Institute of Advanced Studies”. Em 1940 torna-se cidadão americano.

Feroz inimigo da guerra enviou no entanto uma célebre carta ao presidente Roosevelt defendendo a pesquisa necessária ao desenvolvimento da bomba atómica para que os alemães não a desenvolvessem antes. Mais tarde dirá, com tristeza, “Fui eu que carreguei no botão!”. Em 1946, juntamente com Bertrand Russell, inicia uma enérgica campanha contra a bomba nuclear escrevendo em 1947 uma carta nesse sentido às Nações Unidas.

Aos 66 anos, Einstein recapitula o trajecto da sua vida da seguinte forma: “Havia este mundo enorme, que existe independentemente de nós, seres humanos, que permanece diante de nós como um enigma gigantesco e eterno, e que é acessível, pelo menos em parte, à nossa inspecção e ao nosso pensamento. A contemplação deste mundo acenava como uma libertação. O caminho para este paraíso não era tão confortável nem tão atraente como o caminho para o paraíso religioso. Mas mostrou-se digno de confiança e nunca me arrependi de o ter escolhido.”

É que, como gostava de dizer, “Deus não joga aos dados”.

 

Textos traduzidos

 

Sobre a Educação

Um dia de comemorações é geralmente consagrado, em primeiro lugar, a um ponto de vista retrospectivo, em especial, à memória das personalidades que adquiriram fama pela sua contribuição para o desenvolvimento da vida cultural. Esta homenagem amigável atribuída aos nossos predecessores não deve ser desprezada, sobretudo porque a lembrança dos melhores do passado  estimula o esforço corajoso entre os vivos bem intencionados. Tarefa que deveria ser feita por alguém que, após a sua juventude, tivesse estado ligado a este Estado e familiarizado com o seu passado, e não por um homem como eu que vagueou como um boémio e granjeou toda a espécie de experiências em toda a espécie de países.

Sendo assim não me resta outra alternativa senão falar doutras questões que, independentemente do espaço e do tempo, foram e serão sempre associadas a temas de educação. Nesta tentativa, não posso pretender ser uma autoridade. Em todos os tempos, houve homens inteligentes e bem intencionados que se  dedicaram aos problemas da educação e, por certo, expressaram claramente os seus pontos de vista sobre estes assuntos. A que fontes posso eu, que sou em parte um profano em pedagogia, arranjar a coragem para expor opiniões que não têm outro fundamento senão a de uma experiência e convicção pessoais? Se se tratasse realmente de uma matéria científica, eu seria talvez tentado, por tais considerações, a manter o silêncio.

No entanto, as coisas passam-se de uma forma totalmente distinta quando se trata de seres humanos activos. Aqui o conhecimento da verdade por si só não chega. Pelo contrário, este conhecimento deve ser continuamente renovado por um esforço incessante se não queremos que se venha a perder. O conhecimento parece-se com uma estátua de mármore que se ergue no deserto e que está constantemente ameaçada de ser absorvida pela areia movediça. Os operários de serviço têm de estar a trabalhar sem quaisquer pausas para que o mármore continue a brilhar ao Sol de forma permanente.

A escola foi sempre o meio mais importante para transmitir a riqueza e a tradição de uma geração à outra. Hoje em dia, isto é mais verdade ainda do que nos tempos passados pois, em virtude do progresso económico, a família, responsável pela tradição e pela educação, enfraqueceu bastante. Por conseguinte, a continuação e a saúde da sociedade dependem hoje da escola de uma forma muito mais intensa do que no passado.

Às vezes, consideramos a escola simplesmente como um instrumento para transmitir à geração que cresce o máximo de conhecimento. Não é justo. O conhecimento é algo inanimado, enquanto que a escola está ao serviço dos vivos. Ela deve desenvolver nos jovens indivíduos as qualidades e as capacidades que representam um valor para a prosperidade da sociedade. Mas isso não quer dizer que a individualidade deva ser destruída e que o indivíduo deva ser reduzido a um simples instrumento para a sociedade, como uma abelha ou uma formiga. Uma sociedade de indivíduos estandardizados, sem originalidade pessoal e sem objectivos pessoais, seria uma sociedade pobre, sem possibilidade de se desenvolver. Ao contrário, o objectivo da escola deve ser a educação de indivíduos que agem e pensam de uma forma independente e que, no mínimo, vêem no serviço prestado à comunidade o problema mais importante das suas vidas. Tanto quanto posso julgar, o sistema das escolas inglesas é o que mais se aproxima deste ideal.

Mas como é que devemos proceder para atingir este ideal? Será pregando  moral? Nem pensar. As palavras permanecem sons ocos e o Inferno está ladrilhado de boas intenções. A personalidade não se forma por aquilo que ouve ou que lhe é dito mas pelo trabalho e pela actividade. Por conseguinte, o método mais importante para a educação sempre consistiu naquele em que o aluno é impulsionado para uma actividade real. Isto aplica-se tanto à criança da escola primária, que faz ensaios para escrever, como à tese do candidato a doutoramento, como ainda quer se trate de relembrar um poema, de fazer uma composição, de interpretar e traduzir um texto, de resolver um problema matemático ou de fazer exercícios de desporto.

Mas, por de trás de qualquer actividade existe o motivo que está na sua base e que, na altura própria, é reforçado e alimentado para a realização da tarefa. Aqui encontramos as maiores diferenças, que representam para a escola um valor educativo da mais alta importância. O mesmo trabalho pode ter por origem o medo ou a contrariedade, as vontades ambiciosas para adquirir a autoridade e a distinção, ou o interesse muito vivo pelo assunto e o desejo de verdade e de compreensão. Pode também ser devido àquela divina curiosidade que toda a criança saudável possui e que, tão frequentemente, se enfraquece prematuramente. A influência que exerce a educação sobre o aluno que executa um trabalho determinado pode ser muito diferente, consoante a motivação. Este tanto pode ser o medo do castigo, a paixão egoísta, ou o desejo de prazer e da satisfação. E ninguém poderá defender que a administração da escola e a atitude dos professores não têm influência na formação do perfil psicológico dos alunos.

Para mim, a pior coisa numa escola é o uso de meios que fomentam o medo, a força e a autoridade artificial. Um tal tratamento destrói os relacionamentos sãos, a sinceridade e a autoconfiança. Ela produz o sujeito submisso. Não é de espantar que tais escolas sejam a regra na Alemanha e na Rússia. Eu sei que as escolas do país onde nos encontramos estão livres deste tipo de males. Isto também se aplica à Suíça e provavelmente a todos os países que têm um governo democrático. É relativamente simples preservar as escolas. Deixar à disposição do professor o menor número de meios coercivos por forma a que a única forma de respeito do aluno pelo professor sejam as qualidades humanas e intelectuais deste último.

O segundo motivo que mencionámos, a ambição, ou em termos mais temperados, o desejo de se demarcar, está solidamente presente na natureza humana. A ausência de um estimulante deste género tornaria a cooperação humana totalmente impossível. O desejo de ser aprovado pelos seus semelhantes é certamente uma das forças mais importantes que serve de ligação à sociedade. Neste complexo de sentimentos, as forças construtivas e destrutivas estão estritamente interligadas. O desejo de ser aprovado e distinguido é um motivo são, mas o desejo de ser reconhecido como melhor, mais forte e mais inteligente que o seu semelhante ou que o seu colega de escola, leva facilmente a uma acomodação psicológica excessivamente egoísta, que pode tornar-se prejudicial tanto ao indivíduo como à comunidade. Por conseguinte, os professores devem evitar usar métodos fáceis de suscitar a ambição individual para levar os alunos a trabalhar diligentemente.

A teoria de Darwin da luta pela existência, e a selecção que lhe está associada, foi invocada por muita gente para autorizar e encorajar o espírito de competição.

Algumas pessoas também tentaram provar pseudo-cientificamente a necessidade da luta destrutiva dos indivíduos no campo da competição económica. O que é injusto pois o homem, que é um animal que vive em sociedade, deve a sua força à luta pela existência. Tal como num formigueiro a batalha entre as formigas individuais não é indispensável para a sobrevivência, da mesma forma numa sociedade humana a batalha entre os indivíduos não é indispensável para a sobrevivência.

É necessário portanto privarmo-nos de pregar ao adolescente o sucesso no sentido ordinário do termo. Um homem que tem sucesso é um homem que recebe  dos seus semelhantes uma parte incomparavelmente maior do que o serviço que lhes possa ter prestado. Ora o valor de um homem encontra-se naquilo que ele dá e não naquilo que é capaz de receber.

A motivação mais importante para o trabalho na escola e na vida é o gosto pelo trabalho, o prazer no resultado e o conhecimento daquilo que o resultado pode trazer à comunidade. Despertar e reforçar essas forças psicológicas no adolescente é a tarefa mais importante da escola. Só uma base psicológica desta natureza pode conduzir ao desejo feliz de possuir os bens mais elevados dos homens: o conhecimento e a habilidade artística.

É certamente mais difícil despertar as faculdades psicológicas produtivas do que usar a força ou inflamar a ambição individual. Mas o primeiro processo não detém por certo menos valor. O importante é desenvolver na criança o seu pendente pelo jogo, o desejo inato de se distinguir dos outros e de se conduzir assim aos ramos  importantes da sociedade. É essa educação que é, no fundo, baseado no desejo de uma actividade coroada pelo sucesso e o reconhecimento do mérito. Se a escola conseguir trabalhar com sucesso tendo em conta estes pontos de vista, ela será fortemente reconhecida pela nova geração e os trabalhos dados pela escola serão aceites como uma espécie de dom. Conheci crianças que preferiram o tempo das aulas de Verão devido a este tipo de orientação das aulas.

Este tipo de escola exige por parte do professor que ele seja uma espécie de artista no seu campo. O que é que podemos fazer para que este tipo de espírito seja adoptado nas nossas escolas? Uma solução universal é tão difícil de encontrar como a do ideal de homem com um comportamento exemplar. Mas existem alguns requisitos necessários que podemos encontrar. Em primeiro lugar, é em tais escolas que estes professores deveriam crescer. Em segundo lugar, deveríamos conceder ao professor uma grande liberdade para escolher a matéria a ensinar e os métodos  a  aplicar  para o ensino dessas mesmas matérias. Pois ao professor resta-lhe o prazer de facetar o seu trabalho que é morto assim que as forças e pressões exteriores intervêm no seu trabalho.

Se seguiu atentamente as minhas reflexões até aqui, ficará provavelmente espantado por uma coisa: alonguei acerca do espírito com o qual a juventude deveria ser instruída. Mas ainda não disse nada sobre a escolha dos intervenientes a ser instruídos ou sobre o método a utilizar para ensinar. Devemos dar prioridade ao ensino das línguas ou às técnicas científicas?

Eu respondo que tudo isso é, no meu entender, de importância secundária. Se um adolescente exercitou os seus músculos e treinou a sua resistência física pela ginástica e a marcha, estará habilitado, mais tarde, para todo o tipo de trabalho físico. Isto funciona da mesma forma quando toca ao treino do espírito e dos exercícios que ajudaram a adquirir uma habilidade mental e manual. Portanto talvez não estivesse errado aquele grande espírito que definiu a educação da seguinte forma: “A educação, é aquilo que resta quando esquecemos tudo aquilo que aprendemos na escola.” É por esta razão que não anseio pôr-me, seja do lado daqueles que são a favor do ensino psicológico-histórico, seja do lado daqueles que são por um ensino dedicado preferencialmente às ciências da natureza.

Por outro lado, sinto necessidade de me afastar das ideias que defendem que a escola deve ensinar de uma forma directa o conhecimento especializado e as competências que se deverão imediatamente aplicar mais tarde na vida. As exigências da vida são de uma natureza tão variada que um tal ensino especializado não é exequível na escola. Para além disso, parece-me inaceitável o tratar do indivíduo como um instrumento morto. A escola deve sempre procurar que o adolescente se transforme numa personagem harmoniosa e não num especialista. Isto é, no meu entender, igualmente verdade nas escolas técnicas onde os alunos têm de se consagrar a uma profissão nitidamente definida. O desenvolvimento da capacidade de pensar e de julgar de uma forma independente deveria figurar sempre na primeira lista de prioridades, e não a aquisição de conhecimentos especializados. Se um homem domina os princípios fundamentais da sua disciplina e aprendeu a pensar e a trabalhar de uma forma independente, fará seguramente o seu caminho e será, entre outras coisas, mais capaz de se adaptar ao progresso e às mudanças que aquele cuja educação consiste em adquirir um conhecimento detalhado.

Finalmente, desejo sublinhar de novo que aquilo que foi aqui dito de uma forma algo categórica não pretende ser nada de mais do que uma opinião subjectiva, baseada numa experiência pessoal, adquirida enquanto estudante e professor.

Tradução de Tiago de Freitas Botelho de Oliveira  no âmbito da cadeira “História e Filosofia da Educação” no ano lectivo de 2000/2001. Revisão de Olga Pombo

 

Sobre a Liberdade

Sei que é uma tarefa ingrata esta de discutir juízos de valor fundamentais. Se, por exemplo, alguém aceita como objectivo o extermínio da raça humana da superfície da Terra, não podemos recusar um tal ponto de vista baseando-nos em princípios racionais. Mas se for obtido um acordo relativamente a determinados objectivos e determinados valores, podemos discutir os meios pelos quais esses objectivos poderiam ser atingidos. Por conseguinte, quero indicar dois objectivos sobre os quais todos aqueles que leram estas linhas possam estar eventualmente de acordo: os bens úteis que servem para garantir a vida e a saúde de todos os seres humanos deveriam ser produzidos pelo trabalho mais reduzido possível de todos; a satisfação das necessidades materiais é sem dúvida uma condição preliminar indispensável para a existência, mas não é em si mesma suficiente. Para serem completamente felizes, os homens devem ter também a possibilidade de desenvolver as suas capacidades intelectuais e artísticas em harmonia com o seu caracter e talento.

O primeiro destes dois objectivos exige o incitamento ao conhecimento integral das leis da natureza e das leis dos processos sociais, ou seja, ao esforço cientifico. Na verdade, o esforço cientifico é um todo natural cujas partes se apoiam umas às outras de forma que certamente ninguém  pode prever.

No entanto, o progresso da ciência pressupõe a possibilidade de comunicação sem restrição de todos os resultados e de todas as opiniões, ou seja, a liberdade de expressão e de ensino em todos os domínios do esforço intelectual. Por liberdade, entendo as condições sociais de um tipo tal que a expressão de opiniões, e as afirmações que dizem respeito a assuntos gerais e particulares do conhecimento, não causarão perigos ou desvantagens sérias àqueles de que emanam. Essa liberdade de comunicação é indispensável para o desenvolvimento e extensão do conhecimento cientifico; é um ponto de grande importância prática. É preciso, em primeiro lugar, que ela seja garantida pela lei. Mas a lei por si só não pode assegurar a liberdade de expressão. Para que cada um possa apresentar os seus pontos de vista sem se expor e ser punido, deve existir espírito de tolerância em toda a população. Um tal ideal de liberdade externo nunca pode ser plenamente realizada mas deve ser permanentemente perseguido, se quisermos que o pensamento científico, e o pensamento filosófico e criador em geral, progridam tanto quanto possível.

Se quisermos que o segundo objectivo, ou seja a possibilidade de um desenvolvimento espiritual de todos os indivíduos, seja atingido, é necessário  um outro tipo de liberdade exterior. Para atingir aquilo que é necessário para viver, o homem não deveria ser obrigado a trabalhar a ponto de não dispor de  tempo ou força para a sua actividade pessoal. Sem este segundo tipo de liberdade exterior, a liberdade de expressão é inútil. Os progressos realizados pela tecnologia poderiam oferecer a possibilidade de uma divisão racional se o problema de uma divisão racional do trabalho estivesse resolvido.

O desenvolvimento da ciência e da actividade criadora do espírito em geral torna ainda necessária um outro tipo de liberdade que poderia ser denominada por liberdade interna. É esta liberdade que faz com que o pensamento conserve a sua independência, tanto em relação às restrições relativas aos preconceitos de autoridade e às questões sociais quanto à rotina anti-filosófica e ao hábito em geral. Esta liberdade interna é um dom raro da natureza e constitui um objectivo digno de ser perseguido pelo indivíduo. Mas a sociedade também pode fazer muito para favorecer a sua aquisição não intervindo no seu desenvolvimento. É aí que as escolas podem atrapalhar esse desenvolvimento, pela influência que exerce a autoridade que impõe aos jovens um  fardo intelectual excessivo. Por outro lado, as escolas poderiam facilitar esta liberdade ao incentivar o pensamento independente. Só se as liberdades exteriores e interiores forem constante e conscientemente perseguidas é que pode existir a possibilidade de um desenvolvimento e de uma perfeição espiritual. Só assim, será possível atingir um aperfeiçoamento da vida exterior e interior do homem.

Tradução de Tiago de Freitas Botelho de Oliveira  no âmbito da cadeira “História e Filosofia da Educação” no ano lectivo de 2000/2001. Revisão de Olga Pombo

 

Mensagem para a posteridade

No nosso tempo abunda de espíritos inventivos cujas invenções poderiam facilitar consideravelmente a nossa existência. Atravessamos os mares graças à força mecânica que também utilizamos para isentar a humanidade de todo o trabalho muscular fatigante. Aprendemos a voar nos ares e somos capazes de enviar, sem qualquer dificuldade, mensagens e notícias para o mundo inteiro por intermédio de ondas eléctricas.

No entanto, a produção e a distribuição dos bens não estão de modo algum organizadas de tal forma que cada um se vê obrigado a viver com receio de ser eliminado do ciclo económico e de, desse modo, sofrer a falta de tudo. Por outro lado, pessoas que vivem em países diferentes matam-se entre si em intervalos de tempo irregulares, de tal forma que, por essa razão, quem pensar no futuro é obrigado a viver com receio e terror. Situação que se fica a dever ao facto de a inteligência e o carácter das massas estarem a um nível incomparavelmente mais baixo que a inteligência e o carácter do pequeno número daqueles que produzem algo de precioso para a comunidade.

Espero firmemente que a posteridade leia estas declarações com um sentimento de orgulhosa e justificada superioridade.

Tradução de Tiago de Freitas Botelho de Oliveira  no âmbito da cadeira “História e Filosofia da Educação” no ano lectivo de 2000/2001. Revisão de Olga Pombo

 

Sites


http://www.if.ufrgs.br/~cas/einst99/einst99.html (em português)
http://www.geocities.com/HotSprings/Spa/5011/ (em português)
http://www.westegg.com/einstein/
http://www.aip.org/history/einstein/
http://www-groups.dcs.st-andrews.ac.uk/~history/Mathematicians/Einstein.html
http://stripe.colorado.edu/~judy/einstein.html
http://www.pbs.org/wgbh/nova/einstein/
http://www.humboldt1.com/~gralsto/einstein/einstein.html
http://www.th.physik.uni-frankfurt.de/~jr/physpiceinstein.html
http://www.geocities.com/CapeCanaveral/Lab/3555/

 

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt