O museu escolar

O exemplo mais ilustre é o Museu de Alexandria 

Mas a verdade é que toda a escola tende a constituir o seu próprio museu. Na verdade, embora retirada do mundo, constituída como lugar institucional delimitado pelo seu próprio espaço e funcionalidade, a escola  tem o mundo como seu objecto de ensino. Nela se aprende a “olhar“ o mundo, a conhecer as suas leis, regras e mecanismos. Nela primordialmente se ensinam os conhecimentos, representações, imagens que os homens foram produzindo sobre o mundo. 

Ora, face à sua inexorável abertura cognitiva da escola ao mundo e na impossibilidade de transportar o mundo para o seu interior, toda a escola procura conter, dentro das suas paredes, o museu enquanto duplo do mundo, sua recriação exemplificativa. 

É assim que, por exemplo, o professor de Geografia  utiliza mapas, cartas, planisférios, mapas Mundi, isto é, diversas formas de re-presentação e a-presentação do planeta Terra, formas de aproximação a algo de longínquo e intangível - a Terra (a pele da Terra). O professor de Biologia socorre-se de fotografias, cromos, slides, esquemas, diagramas, ilustrações, por vezes mesmo de um pequeno museu, uma vitrina de conchas, estrelas do mar e pequenos animais embalsamados. Essa é a sua forma de aceder àquilo que, muito para lá da sala de aula, seria o conjunto dos seres vivos, seu verdadeiro objecto de estudo. Da mesma maneira, o professor de História, utiliza documentos, túmulos, estátuas, ruínas, moedas, espadas, restos de toda a espécie para tentar aproximar-se de algo irrecuperável — o passado do Homem ou o Homem do passado. Também os professores de Física ou de Química remetem constantemente para um mundo de experiências que eles não podem realizar na aula senão episodicamente, ilustrativamente. 

Para mais desenvolvimentos sobre a articulação entre o Museu e a Escola (e também a Biblioteca), veja o estudo - Museu e Biblioteca. A Alma da Escola

Remetemos também para o Inventário do Património Museológico da Educação trabalho extremamente meritório resultante da colaboração entre a Secretaria-Geral do Ministério da Educação, o Instituto Português de Museus e a Direcção Regional de Educação de Lisboa. O site disponibiliza um inventário online de colecções pertencentes a antigos Liceus e Escolas Industriais de Lisboa (Gil Vicente, Passos Manuel, Marquês de Pombal, Maria Amália Vaz de Carvalho, Pedro Nunes e Rainha D. Leonor), Setúbal ( Bocage) e Tomar (Jácome Ratton).

 

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt