Beja

  • Liceu Diogo de Gouveia

Designações:

Nome de origem: "Liceu Nacional de Beja"

Em 1915: "Liceu Nacional de Fialho de Almeida"

Em 1919: "Liceu Nacional Central de Fialho de Almeida"

Em 1924: "Liceu Nacional de Fialho de Almeida"

Em 1925: "Liceu Nacional Central de Fialho de Almeida"

Em 1928: "Liceu Nacional de Fialho de Almeida"

Em 1937: "Liceu Nacional de Diogo de Gouveia"

Em 1947: "Liceu Nacional de Beja"

Género:

 No início: Liceu Masculino

Em 1880: Primeira aluna inscrita

A   partir do séc. XIX: Liceu misto

Criação:

   A cidade de Beja, tal como as outras capitais de distrito foram contempladas com um liceu em consequência do decreto de 17 de Novembro de 1836, que criou a rede nacional de liceus. No entanto, estas medidas só tiveram efeitos práticos uns anos mais tarde, tal como aconteceu na maioria dos liceus.

    Não há nenhum documento que indique a exacta fundação do liceu. No entanto, segundo outros documentos, estes apontam para a abertura do liceu no ano de 1852/53. O atraso de 16 anos relativamente ao despacho de 17 de Novembro de 1836, deixa antever as dificuldades em implantar um liceu neste distrito. É de referir que, no final deste século, já havia em Portugal cerca de 24 liceus. As dificuldades por que passou este liceu deveram-se principlamente à falta de verbas e de edifício para instalação deste.

    "...   esteve este liceu instalado (...) primeiramente em casa bastante humilde, recheada de cadeiras e de mesas cedidas, algumas delas, por particulares interessados no funcionmento das aulas". (Raposo, 1945) 

    Apesar destas dificuldades, o liceu suscitou grande interesse que se traduziu numa constante procura por parte dos alunos. De inicio, o liceu funcionou apenas no chamado "regime de disciplinas", ou seja, os alunos podiam-se matricular numa só disciplina. No entanto, este facto não foi prejudicial para o liceu, pois este continuou a ter um número crescente de alunos.

    Este crescimento obrigou a aumentar as instalações. O primeiro aumento, deu-se em 1855, e foi ao nivel de apenas duas salas no Paço Episcopal, localizado em frente dos actuais Jardim Público e Governo Civil, mais conhecido por "Edifício do Colégio" ( antigo colégio dos Jesuítas).

 

Localização:

    No início: instalações provisórias

    Em 1852: Casa particular e salas do Antigo Paço Episcopal

    Em 1863: Andar superior e quintal de um Palacete no Terreiro de S. Tiago

    Em 1970: Andar num Palacete na Rua do Esquível (Casa do Porto de Ferro)

     Em 1905: Prédio arrendado na Praça D. Manuel I (Praça da República)

     Em edifício construído para o liceu

     Em 1937: Edifício implantado no Campo da Feira

 

  • Primeiramente, o liceu teve instalado numa casa particular, situação considerada transitória entre 1852 e 1855.
  • Num livro de actas, respeitante á sessão do Conselho do Liceu, vê-se que em 1855 o liceu já tem instalações próprias, pois nela consta que a reunião se efectuou na 'Casa do Conselho'. Esta é o chamado Edifício do Colégio, a primeira das quatro instalações provisórias que o liceu teve.
  • Após um aumento significativo de alunos nos primeiros anos, deuse uma estabilização em torno dos setenta e cinco alunos.
  • Devido ao decreto de Fontes Pereira de Melo, de 10 de Abril de 1860, surgiram implicações na organização interna do liceu, pois este estipulou quais eram os liceus de primeira categoria e quais os de segunda categoria. Alterou ainda os cursos, fazendo com que o "curso geral" tivesse duração de cinco anos, compreendendo 10 cadeiras e onde as aulas tinham a duração de duas horas. É de referir ainda que, o ensino se deixou de fazer por disciplinas isoladas.
  • Em consequência das categorias apresentadas, o edifício necessitou de melhoramentos uma vez que passou a haver também o chamado "regime de classe" (Reforma de Jaime Moniz)
  • De acordo com o decreto de Fontes Pereira de Melo, o Conselho do liceu foi chamado a elaborar um plano de estudos que estivesse de acordo com a estrutura curricular deste  decreto, e que lhe permitisse a elevação a liceu de primeira classe.

 

Instalações:

    É nesta altura que o liceu vai necessitar de novas instalações e, em 1863 é autorizado o arrendamento de um andar superior e quintal de um Palacete no Terreiro de S. Tiago. Esta foi a primeira casa "própria" alugada pelo Estado para instalação do liceu, pois as duas primeiras casas onde este esteve, eram casas particulares.

    Com o aumento das disciplinas no plano de estudos e o aumento de alunos a frequentarem o liceu, obrigou o liceu a uma nova mudança. Esta foi realizada em 1870, e teve como destino mais conservado a nível arquitectónico, no entanto não era o local mais apropriado para a instalação de um liceu. Esta mudança apenas permitiu a ocupação de cinco salas, sendo estas pouco adaptadas à sua nova função: a de sala de aula. A ocupação deste espaço prolongou-se até 1905, apesar de cada vez mais haver dificuldades para o estabelecimento neste edifício. Essas dificuldades provinham principalmente, do aumento da população escolar e das sucessivas reorganizações do plano de estudos, que fez com que houvesse mais disciplinas, o que veio dificultar a arrumação dos alunos pois era necessário um maior número de salas.

    No inicio da segunda década do séc. XX, começaram a entrar alunas no liceu o que fez com que o liceu atingisse aí o seu maior número de alunos: cerca de 120. Esta situação vem agravar a falta de instalações, o que faz com que seja arrendado um novo edifício. Este tinha "... no primeiro andar cinco salas de aula e no andar térreo tinha secretaria, biblioteca, sala de professores, gabinete do reitor e sala de   estar dos alunos"(Manuel Henrique Figueira). Posteriormente, foi arrendado um terreno para a prática da Educação Física.

    Apesar de ser um edifício com mais salas para os professores, para o reitor, biblioteca e armários para guardar material didáctico: "a casa era acanhada, as salas na sua maioria sem luz suficiente nem ventilação adequada, e o pátio destinado ao recreio dos alunos e à ginástica, húmido no Inverno e escaldante no Verão, tinha uns escassos 200 metros quadrados" (Neves, 1950).

    Um dos prncipais beneficios desta mudança foi a centralidade com que o liceu ficou face à cidade. Este manteve-se nesta situação até 1936, altura em que foi ocupado o edifício construído propositadamente para o liceu.

    Com o tempo, as faltas de condições foram-se agravando e apesar de ser considerado o liceu mais bem apetrechado a nível de material didáctico, as suas instalações estavam quase em ruínas. Este facto influenciou a construção de um novo liceu.

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    É de referir que este novo edifício foi construído numa base diferente de todos os anteriores, pois ficou conhecido como "primeiro modernismo". Este edifício tinha uma visão futurista e carácter inovador e teve ainda neste liceu o exemplo mais marcante da sua aplicação a edifícios escolares, ressaltanto o racionalismo na concepção de espaços. Esta foi uma das primeiras construções liceais promovida pelo Estado Novo.

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Fachada principal do liceu

   O novo liceu tinha onze salas de aula, um anfiteatro para conferências, gabinetes, laboratórios de química e física e um museu de Ciências Naturais. Tinha também um ginásio e uma cantina.

    Apesar das condições, este liceu nunca teve muitos alunos em comparação com os outros liceus. Começou em 1852 com 10 alunos e passados 50 anos tinha apenas 80 alunos. No que respeita à população feminina, depois da primeira aluna inscrita em 1879/80, a população de alunas não parou de aumentar, chegando mesmo aos 56% de alunas em relação aos rapazes.

 

 

Traços liceais:

    Por volta do ano 1873 foi aprovado o uso de capa e batina nos actos escolares e formou-se também a Tuna Académica e a Associação Académica de Beja. A Tuna teve papel destacado nas festas e saraus escolares e nomeadamente na festa de 4 de Março.

    A Associação Académica tinha como objectivo "desenvolver regular acção cultural e artística, Esta associação foi extinta em 1942 com a integração da Mocidade Portuguesa.

    O ano de 1901 foi marcado por uma importante medida, que foi a criação do primeiro curso de habilitação de professores para o magistério secundário. Em consequência desta medida, em 1911/12, o liceu passou a ter os primeiros professores com habilitação profissional.

    Devido a este facto, o liceu foi alcançando prestígio e na década de oitenta do séc. XIX foi conseguida autorização para o funcionamento de um Curso Complementar de Ciências.

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Laboratório de Química

    A elevação do liceu na categoria ("nacional" para "central") fez com que, em 1936 fosse também autorizado um Curso Complementar de Letras.

   

 

Conclusão:

    Os anos trinta ficaram marcados pela afirmação do liceu, havendo um progressivo aumento do número de alunos e a homegeneização do género de alunos que frequentavam o liceu.

    É  de referir ainda as acções de natureza cultural que marcou o liceu.

    Em 1942, todas as associações foram absorvidas pela Mocidade Portuguesa que passou a controlar as actividades do liceu.

    A vertente interna do liceu procurou promover a leitura, sessões de cinema educativo, visitas de estudo a actividades produtivas industriais e agrícolas, a locais históricos e culturais, a locais de natureza técnico-científica e a zonas de lazer.

    A vertente externa do liceu procurou promover a explicitação dos valores da educação, estender a influênca do liceu às famílias e à comunidade através de actividades e exposições de trabalhos. É de referenciar nestas actividades, a Semana da Mãe, Dia da Raça, Dia da Independência, entre outras.

    Em consequência houve uma forte identificação dos professores e dos alunos pelo seu liceu, o que fez com que, se relizassem Festas de Confraternização dos Antigos Alunos.

    Em 1936, a "nova ordem política" estipulor que "cada liceu seria designado pela denominação de um grande vulto da história pátria" (Decreto nº27084, de 14 de Outubro de 1936). Um ano mais tarde, foi escolhido para patrono o grande humanista Diogo de Gouveia, notável figura do renascimento e natural da cidade de Beja, o que fez com que o liceu passasse a ser chamado Liceu Diogo de Gouveia.   

 

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt