Leiria

  • Liceu Rodrigues Lobo

Designações:

 Nome de origem: "Liceu Nacional de Leiria"

Em 1911: "Liceu Central de Leiria"

Em 1912: "Liceu Central de Rodrigues Lobo"

Em 1947: "Liceu Nacional de Leiria"

Género:

 No início: Liceu Masculino

Em 1885/86: Liceu misto

Em 1887/88: Inscrevem-se 4 alunas

A   partir de 1910: Liceu passou a ser misto

Criação:

   A sociedade local era ecenssialmente constituída por comerciantes ligados à produção manufactureira.

    "A criação e a instalação de um liceu, na cidade de Leiria, insere-se na tentativa de organização de um sistema escolar capaz de responder às necessidades sociais, às vocações dos alunos e aos anseios das respectivas famílias, contribuindo, simultaneamente, para o desenvolvimento da cidade e da região". (Ana Parracho Brito)

    No entanto, acaba por haver várias dificuldades, nomeadamente a nivel financeiro e de recursos humanos. Em 1848, a cidade não dispunha de um edifício para a colocação do liceu. Os primeiros professores foram nomeados em 1850.

    A partir de 1851, o liceu funcionou nos baixos do Seminário Episcopal, o único local disponível para a fixação do liceu.

    O liceu foi, definitivamente, constituído em 4 de Maio de 1852. Neste começaram a funcionar as disciplinas de Gramática Portuguesa e Latina, Latinidade, Aritmética e Geometria, Filosofia Racional e Moral, Oratória, Poética e Literatura Clássica, História, Cronologia e Geografia.

    Em 1855, a instrução secundária existente em Leiria, englobava o Liceu, as aulas públicas fora do liceu e as escolas de ensino particular.

    Em 1858, foi autorizado o ensino de Francês e Inglês no liceu. Mais tarde, foram abertas as cadeiras de Princípios de Física e Química e Introdução à História Natural dos Três Reinos. Em 1860 foi introduzida a disciplina de Desenho Linear.

 

    Em 1866, o liceu faz uma proposta para que as cortes considerem o Liceu de Leiria como liceu de "primeira classe". Surge então em 1880, e em consequência do pedido feito, a elevação do liceu a Liceu Nacional de Leiria. Neste começa por haver os 4 anos iniciais do curso.

 

Localização:

    No início: instalações provisórias

    Em 1851: Baixos do Seminário Episcopal

    Edifício construído para o Liceu

    Em 1894/95: Edifício no Largo de Camões

    Em 1964: Porto Moniz

   

    Em 1894, com os lucros obtidos pelo liceu, procede-se à construção do Liceu Rodrigues Lobo, que ficou localizado em frente ao antigo edifício do liceu. Este novo edifício foi de muito significado para os alunos que lá estudavam considerando-o: "um templo consagrado ao culto da instrução".

    Este liceu tinha dois andares e era situado no Largo de Camões. No entanto, este não tinha as melhores condições a nível de higiene, motivando o descontentamento de alunos e professores.

    Depois da implantação da República, o Liceu de Leiria passou de "nacional" a "central". Em 1912, o deputado do círculo de Leiria, Pedro Alfredo Morais Rosa, apresentou um pedido para que o Liceu Central de Leiria passasse a denominar-se Liceu Francisco Rodrigues Lobo.

    Em 1912, foi aprovado um internato no Liceu de Leiria. Este funcionou nas instalações do Seminário.

    No final dos anos 20, o Liceu Rodrigues Lobo começou a ter cada vez menos alunos. Esta situação levou à criação de um pensionato liceal que fez com que, em meados dos anos 30 começasse a haver novamente muitos alunos.

    Em 1936 foi solicitado ao Governo a construção de um novo liceu. Em 1941, foi feita nova proposta para a construção do liceu, uma vez que a primeira não fez muito efeito. O Governo cedeu à nova proposta, mas na condição do Munícipio oferecer o terreno e adquirir o edifício do liceu "antigo", em vez de o ampliar, sugestão que era inviável por falta de verbas.

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                                            Entrada e escadaria do primeiro edifício construído para o liceu                                                                                     Laboratório do liceu

    Desde que o edifício foi construído no século XIX, para cerca de 200 alunos, o liceu manteve a mesma esrutura, e na década de 50, dificultou a instalação de novos alunos que, desde então duplicaram o número inicial. Face a esta situação, o liceu passou a utilizar uma parte do antigo Quartel de Infantaria 7, que se localizava em frente ao liceu.

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Primeiro edifício construído para o liceu

    O novo liceu ficou então situado em Porto Moniz e foi inauguradoa 8 de Outubro de 1964.

 

Características do espaço e do mobiliário:

   "O liceu de Leiria foi um espaço físico e pedagógico dinamizado em torno de múltiplas actividades, uma escola culturalmente aberta à comunidade e geradora de um ambiente educativo bastante rico graças aos seus reitores, alunos e professores". (Ana Parracho Brito)

    O período em que a reitoria foi entregue a Abílio Barreto de Figueiredo Perdigão (de 1858 até 1909), foi um período de enriquecimento a nível material muito grande. É ainda de referir o contributo igualmente importante feito pelo reitor José Júlio Bettencourt (nomeado em 1909), que contribuiu para o progresso do liceu. Este conseguiu o melhoramento das condições das salas de Ciências e a aprovação de dois cursos livres (Esgrima e Higiene). O liceu foi inovador, na medida em que, foi o primeiro a ter um curso de Higiene Elementar.

    Um dos contratempos deste liceu, residia no facto de este não ter um ginásio para a prática da Educação Física.

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Sala de Geografia

    Devido a uma inspecção sanitária, o liceu levou remodelações a nível da higiene.

    Com a implantação da República, o reitor José Júlio Bettencourt Rodrigues cessou as suas funções, seguindo-se um período de instabilidade.

    Em 1912, o liceu passou a denominar-se Liceu Central Francisco Rodrigues Lobo.

    Em 1916, houve um significativo oumento da população escolar, o que diminuiu o espaço do recreio e fez até com que houvesse algumas incompatibilidades nas disciplinas.

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    É importante referir o reitorado de Agostinho Gomes Tinoco (entre 1928 e 1934), que primou pelo facto de ser uma figura energética, criativa, destemida e que criticou várias vezes o Ministério da Instrução Pública, nomeadamente em relação às condições em que se encontrava o liceu.

    O Ministério das Obras Públicas e Comunicações disponibilizou uma verba para repação do liceu e ampliação deste, no entanto estas obras não foram acabadas, o que deixou graves problemas na estrutura do edifício do liceu. A Biblioteca não tinha um lugar próprio, tinha apenas um local onde os livros estavam empilhados. Essa sala servia também como sala de Conselho e de Professores.

    Agostinho Gomes Tinoco fez com que, no liceu fossem realizados cursos facultativos de Francês prático, Violino, Desenho Artístico, Costura e Bordados.

    Não havia cantina escolar devido à falta de instalações e as salas de estudo deixaram de funcionar devido à incompreensão das suas vantagens por parte dos alunos que preferiam os "explicadores".

    Durante os anos 40, 50 e 60, o liceu desenvolveu actividades culturais, tais como, festas, conferências, palestras, saraus culturais, representações teatrais, campeonatos desportivos, bailes de finalistas e viagens de fim de curso. Os directores de ciclo desempenhavam, aqui, um papel fulcral, pois dinamizavam estas actividades colaborando com os alunos e famílias.

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Sala da reitoria do liceu

 

Traços liceais:

   A partir de 1910 começaram a realizar-se festas escolares no liceu:

  1. Homenagem ao reitor José Júlio Bettencourt Rodrigues;

  2. Duas excursões realizadas, uma a Lisboa e outra a Tomar;

  3. Celebração do Centenário Natalício de Alexandre Herculano, com um busto modelado

Foram progressivamente sendo realizadas várias festas de nível cultural, festas natalícias, exposições.

    O liceu lutou também por um aparelho cinematográfico, pois este traria vantagens como auxiliar didáctico.

    Relativamente ao desporto, praticava-se basquetebol e ténis de mesa, chegando mesmo a organizar torneios com outros liceus.

    Os dias 10 de Junho, 28 de Maio e 1 de Dezembro eram assinalados com comemorações, contudo nunca foi permitido que os alunos deste liceu fizessem visitas de estudo. O liceu limitou-se a colaborar na obra espiritual e de assistência da Ordem Terceira de S. Francisco e a participar com alguns trabalhos no salão estético de Aveiro.

 

Conclusão:

   O liceu foi um factor determinante para o desenvolvimento da cidade e do distrito e cheio de significado para as pessoas que lá viviam, pois estas desejavam proporcionar aos seus filhos uma boa instrução secundária e superior, e nada melhor que ter por perto um liceu.

    No entanto, Leiria viveu momentos de instabilidade devido à crise económica e à instabilidade politica, afectando a construção de edifícios escolares e a possibilidade de recrutamento de um corpo docente qualificado.

    A construção de um edifício próprio para o liceu, teve lugar em 1894, e apesar de tardia, foi o segundo liceu construído de raiz a nível nacional.

    Este liceu foi uma escola culturalmente vivenciada e gerou um clima educativo, rico e dinâmico. é de referenciar, o carácter inovador devido à instalação de uma Sala de Ciências e de um Laboratório de Química.

    A actividade cultural e desportiva foi intensa, e para além das festas e das comemorações habituais, o liceu foi palco de palestras, saraus culturais, representações teatrais e campeonatos desportivos. O liceu promoveu ainda sessões de intercâmbio cultural com o Brasil, França, Itália, Inglaterra, Finlândia, Polónia, Espanha e Escandinávia.

 

 

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt