Setubal

  • Liceu Bocage

Designações:

Nome de origem (1957): "Liceu Setubalense"

Em 1863: "Liceu Municipal Setubalense"

Em 1884: "Escola Municipal Secundária de Setúbal"

Em 1906: "Liceu Nacional de Bocage"

Em 1921: "Liceu Central de Bocage"

Em 1924: "Liceu Nacional de Bocage"

Em 1925:  "Liceu Central de Bocage"

Em 1928:  "Liceu Nacional de Bocage"

Em 1936: "Liceu Provincial de Bocage"

Em 1947: "Liceu Nacional de Setúbal"

Género:

 Desde o início: Liceu Masculino

A  partir de 1907: algumas alunas

Criação:

   O início deste liceu aconteceu no ano de 1857. A história deste liceu torna-se interessante na medida em que, foi criado um pouco à margem da lei existente e manteve-se nessa situação durante 27 anos, de 1857 até 1884. Este passou por várias designações a nível de classificação. As primeiras foram classificações não oficiais-primeiro foi liceu particular e depois liceu Municipal. Quando se tornou oficial teve as designações de escola municipal secundária, liceu nacional, liceu provincial e liceu nacional central.

    É de referir que, a nível nacional, foi o terceiro liceu com um edifício construído exclusivamente para esse fim. Este chegou mesmo a ter entre 1908 e 1949 dois edifícios para o liceu.

    Desde o início que o liceu pretendia ser liceu nacional e estender o seu currículo até ao 7º ano para que este se transformasse num "liceu completo". Este liceu veio, mais tarde a concretizar os seus objectivos devido aos esforços feitos pela comunidade setubalense.

    "Entre 1857 e 1906, o liceu funcionou segundo a lógica municipal, através da qual e apesar das grandes dificuldades estruturais, financeiras e pedagógicas, se afirmou como instituição de ensino secundário(...). Entre 1906 e 1956, o liceu funcionou segundo a lógica nacional, através da qual não só pretendeu colocar-se em pé de igualdade com os seus congéneres, os restantes liceus nacionais, como ir um pouco mais além(...)" (Manuel Henrique Figueira). 

    É de referir que, durante os períodos de 1921 a 1924 e de 1925 a 1928, o liceu obteve o estatuto que pretendia.

    Setúbal era uma simples vila e só em 1860 se tornou cidade e em 1926 veio a ser capital de distrito. Por esta razão, Setúbal não podia ter um "liceu nacional" uma vez que, estes eram reservados às capitais de distrito. Em 1858, o município decidiu criar o seu próprio liceu, que funcionou durante cinco anos como liceu particular.

    Houve, na mesma altura a criação de uma instituição similar em Setúbal, mas devido à concorrência entre elas, a dificuldade de enquadramento legal e falta de apoio financeiro por parte do estado, fez com que estas duas instituições se fundissem numa única instituição. Esta passou a chamar-se Liceu Municipal Setubalense.

    Durante os primeiros anos, este liceu procurou igualar-se em termos de currículo, aos liceus oficiais. No entanto, os estudos praticados neste liceu tinham de ser validados por um liceu central em Lisboa o que diminuia a utilidade desta instituição. Outras das dificuldades com que este liceu se deparou foram as instalações, o financiamento e a angariação de professores dispostos a leccionar no liceu.

    Apesar de tudo, assim que lhes foi permitido, a Escola Municipal Secundária de Setúbal foi  contemplada pela rede de estabelecimentos de ensino liceal presente na Reforma de José Luciano de Castro. Esta nova etapa decorreu entre 1884 e 1906. No entanto, a sua utilidade não teve grandes efeitos pois só se podiam leccionar os dois primerios anos do curso. É de referenciar que, uma das vantagens desta situação foi a plena integração da instituição no quadro legal, passando a fazer parte da rede nacional de liceus.

    Em 1906 foi criado o Liceu Nacional de Bocage, apesar de Setúbal ainda não ser capital de distrito.

 

Instalações:

Localização:

   De inicio: Em instalações provisórias

    Em 1857: Convento de Nossa Senhora da Boa-Hora

    Em 1901: Edifício de habitação e capela anexa

    Edíficio Construído para o Liceu

   Em 1908: Avenida Mariano de Carvalho

    Em 1949: Avenida Dr. António Rodrigues Manito

   De acodo com a nova situação, tornou-se  necessário ver de instalações para o liceu. Estas forem conseguidas e tornou-se importante o funcionamento do curso completo. Durante o primeiro século de exstência, o liceu nunca teve instalações próprias, e foi então que se começou a construir um edifício exclusivamente para uso do liceu.

    O liceu permaneceu na categoria de "nacional" durante mais de uma década. Este estatuto acaba no ano de 1916, por impossibilidade da autarquia suportar os custos de funcionamento.

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Edifício do liceu (1942)

   O Liceu de Bocage, como era conhecido foi anterior aos liceus de Lisboa e Porto, de iniciativa municipal e sem apoios do governo central. Depois de se construir o novo edifício, foi pedido que neste figurassem no currículo do liceu os 6º e 7º anos. Este pedido foi aceite e o liceu sobe assim à categoria de "liceu nacional central", em 1921. Esta subida aconteceu pela segunda vez, em 1925.

    Este liceu atravessou algumas dificuldades, nomeadamente pela ocupação de várias instituições do espaço destinado ao liceu, pois a Câmara Municipal foi vitimada com um incêndio em Outubro de 1910. Esta ocupação durou 28 anos, prejudicando o funcionamento escolar e a possibilidade do seu crescimento. Devido a este facto, o liceu verificou um acentuado decréscimo no número de alunos do liceu, o que levou à passagem de "liceu nacional central" para "liceu nacional".

    O liceu viu-se assim obrigado a suportar outras instituições no seu espaço e quando estas saíram, o liceu já tinha as instalações em tão mau estado de conservação que este foi obrigado a transferir-se para os armazéns municipais como situação de recurso.

    Em 1936, a reforma de Carneiro Pacheco procedeu a uma reformulação das designações e categorias do liceu e atribuiu ao liceu de Setúbal a categoria de "provincial" que era equivalente à categoria de "nacional" mas nesta só se podia dar os cinco primeiros anos do "curso geral". Apenas os liceus com categoria de "nacional" teriam a oportunidade de ter um curso complementar.

    Devido à reforma de Pires de Lima, em 1947 o alargamneto do currículo implicou a subida de categoria para liceu nacional. Em consequência disso, o liceu conseguiu um novo edifício que foi inaugurado no ano de 1949. Esta situação permitiu a alargamento curricular desejado.

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Traços Liceais:

  • No período de 1857 a 1900 prevaleceu o papel educativo estritamente escolar;

  • No segundo período, entre 1900 e 1958, o liceu passou a ter um papel educativo e cultural extra-escolar;

  • Num terceiro período, de 1958 até 1974, a principal característca foi a da perda de influência cultural externa.

    A partir de 1900, a situação do liceu estava consolidada, e no segundo período, foram criados a Caixa Escolar de Socorros a Estudantes Pobres, a Associação Académica do Liceu Bocage, a Tuna Académica, a Caixa Escolar do Liceu Nacional de Setúbal, a Sociedade de Antigos Alunos do Liceu de Setúbal, a Associação Escolar do Liceu Bocage, o Nucleo de Acção Social Rainha D. Isabel e os Orfeões.

    As festas e comemorações de eventos tiveram grande importância na ligação da família e da sociedade ao Liceu. Foram feitas festas de Natal, da Primavera, da abertura do ano lectivo, comemoração da Restauração da Independência. Comemoraram-se também centenários de figuras da cultura nacional.

    No dia 6 de Fevereiro de 1949, foi realizada uma festa pela inauguração do novo edifício. Houve sessões de poesia, bailado e actuações do órfeão e de uma orquestra da Câmara.

    Foram criados prémios escolares, que eram entregues nestas cerimónias e que visavam estimular os alunos a terem melhores resultados escolares.Foi ainda criado um jornal escolar, com o nome Gazeta Académica.

    Este período foi de grande importância tanto para os alunos como para a sociedade.

    O terceiro período, corresponde à época da explosão escolar. O número de alunos aumentou significativamente durante este período. Neste período, é de referenciar a publicação de um outro jornal com o nome de Alvorada. Este período foi também marcado por uma perda de influência externa e cultural do liceu.

    É ainda de referenciar que o liceu estava dividido em três secções: uma no Barreiro, outra em Santiago do Cacém e a secção feminina que desapareceu em 1972. Desde o seu nascimento, que este liceu foi uma instituição de natureza local, estendendo-se a sua influ<~encia apenas à cidade de Setúbal. A partir de 1906, passou a ter uma influência a nível regional.

    Devido à expansão da sua influência, o Liceu de Bocage abrangia os concelhos de Alcácer do Sal, Alcochete, Montijo, Almada, Setúbal, Sesimbra e Sines.

    O alargamento do curriculo, que foi permitido em 1956, conferiu ao liceu a possibilidade de ter o "curso completo".

 

Conclusão:

    É de notar que, este liceu teve uma orientação a nível curricular um pouco diferente das outras instituições liceais. Este funcionou segundo duas matrizes diferentes. Esta característica, derivou essencialmente dos quadros legais que organizaram a arquitectura curricular deste ramo de ensino, e teve consequências significativas em relação à dinâmica organizacional, relacional e pedagógica.

    Em relação à composição da população escolar, é de referir que o númerode alunas foi crescendo significativamente, e em 1945 o sexo feminino ficou em ligeira vantagem.

    Esta vastidão de acontecimentos fazem a história deste liceu e este pode destacar-se por ter alguns aspectos muito próprios dele, pois é diferente em muita coisa.

    Em comum com os outros liceus encontramos as instalações próprias e natureza estrutural marcante. Este conseguiu um estatuto  que muitos outros liceus pretendiam.É de referir também que de inicio foi um liceu com poucos alunos mas com o tempo este foi crescendo bastante. "A influência greográfica decorria da situação administrativa da instituição, estendendo-se à área do distrito. A alteração do género da população escolar acompanhou a evolução geral, que foi mais marcada pela alteração da atitude das familias para com a educação das filhas do que com características regionais nessa matéria" (Manuel Henrique Figueira).

 

 

 

 

 

 

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt