Coimbra

  • Liceu Infanta D. Maria

Designações:

 Nome de origem: "Liceu Feminino de Coimbra"

Em 1919: "Liceu Nacional Infanta D. Maria"

Género:

 Desde o início: Liceu Feminino

Criação:

   A sociedade de Coimbra ansiava por um liceu feminino, e este aconteceu devido ao Decreto de 17 de Novembro de 1914, que visava a criação de uma secção feminina, junto do Liceu Central de José Falcão. Este tinha as três primeiras classes e o edifício para tal situava-se na Avenida Sá da Bandeira. A renda deste era suportada pela Câmara. Em 1918, foi autorizada a passagem das alunas dos 4º e 5º anos do Liceu Central José Falcão para o edifício da Avenida Sá da Bandeira.

    Estavam então reunidas as condições para a criação de um "liceu nacional" que aconteceu pelo Decreto de 14 de Julho de 1918. Este estava criado, mas, no entanto, poucas alunas frequentavam o liceu e só na I República se começa a notar um aumento das alunas.

    Apesar dos muitos esforços, o liceu só abriu a 26 de Fevereiro de 1919, com a designação de Liceu Nacional Infanta D. Maria. Este liceu abrangia essencialmente a zona centro do país. Este estava organizado em duas secções do curso geral. No entanto, neste liceu não houve até à década de trinta cursos complementares. Quem quisesse frequentar um, teria de ir para o Liceu José Falcão. Estes cursos começaram no ano lectivo de 1937/38. Apesar de o liceu ministrar cursos complementares, este nunca conseguiu a elevação a liceu central.

    Depois do funcionamento corrente do liceu, começou a ser necessário novas instalações. Como não havia um edifício próprio, este começou a mudar-se , em 1932, para a Quinta da Rainha, que era propriedade do Estado e situava-se perto da Maternidade Bissaya Barreto. No entanto, esta mudança não foi considerada como um melhoria de instalações, mas sim como melhoria de localização e de espaço. Apesar da melhoria na localização e no espaço este foi considerado inadequado porque estava muito perto do liceu masculino.

    Depressa se mudou de instalações, ficando assim o liceu, instalado no edifício de S. Bento a partir de 1937. Este foi um local mais desejado pelo liceu, uma vez que tinha um bonito átrio, salas de aula bem iluminadas, sala de professores,refeitório, secretaria, biblioteca, boas condições higiénicas e uma Caixa Escolar. No entanto a ginástica tinha de ser feita no corredor. Apesar da mudança, o liceu continuava a poder usar o edifício da Quinta da Rainha, onde estava o centro da Mocidade Portuguesa Feminina e onde havia as aulas do Curso de Educação Familiar.

    Em 1938/39, o edifício de S. Bento passou a ser ocupado também por uma secção do Liceu D. João III. Esta situação não agradou à reitoria, mas que teve de permanecer assim até à construção de novas instalações na Quinta de José Gavino.

 

Localização:

   De inicio: Em instalações provisórias

    Em 1919: Casa particular na Avenida Sá da Bandeira

    Em 1932: Quinta da Rainha

    Em 1937: Edifício de S. Bento

    Edíficio Construído para o Liceu

    Em 1948: Quinta do Gavino

 

Instalações:

   O novo edifício foi inaugurado no dia 1 de Outubro de 1948. Este dispunha de anfiteatros, salas de desenho, laboratórios, ginásio, cantina, salas de aula, secretaria, sala de professores, gabinete do reitor, biblioteca, campo de jogos e um bar.

    Apesar de ser um edifício novo, não correspondia às necessidades do liceu pois havia falta de salas e de espaço. Em 1963/64 foram iniciadas obras para o alargamento do espaço do liceu. Com estas obras obtiveram-se mais oito salas, um anfiteatro, quatro gabinetes e foram melhoradas as condições das salas de Física, Química, Ciências Naturais e da cantina. É de referenciar que este dispunha também de uma capela.

p208.JPG (32665 bytes)

Edifício construído para o liceu (c.1948)

    Apesar de tudo, a cantina suportava apenas cinquenta pessoas não abrangendo toda a população escolar e o ginásio tinha um fraco pavimento pois este era encerado o que provocava acidentes. Também não havia aparelhos recentes para a prática da Educação Física.

    É de referir que a biblioteca era notável e tinha um grande número de livros. É de referir também que nos anteriores edifícios não havia laboratórios e respectivo material, mas com a mudança para S. Bento a realidade passou a ser outra, pois este ja tinha laboratórios. Estes laboratórios desde o início dispunham de algum material e com o tempo, estes foram ficando mais apetrechados. Havia também uma estação meteorológica, no entanto não havia uma estufa para secagem de material experimental. É de referir que as Ciências Naturais não tiveram, em nenhum dos edifícios, um local apropriado. Dispunham de um gabinete de Biologia com alguns vertebrados, dissecações, minerais, colecções, mapas de Zoologia e Botânica.

    No novo edificio, como o espaço era escasso, servia apenas para aí guardar o material existente, pois não se conseguia dar aulas nesta sala. A sala de Geografia tinha o mesmo problema, ou seja, funcionava como depósito de material didáctico e não se conseguia dar aulas nessa sala.

 

Traços Liceais:

   A taxa de feminização do quadro de professores do liceu foi aumentando em consequência do Regulamento da Instrução Secundária Feminina, que determinava um quadro de professores só feminino. Era exigido às alunas e professoras pontualidade, como forma de impor disciplina no liceu.

    Hilda Figueiredo, professora do liceu, destacou-se pela sua determinação na organização da cantina e pela sua obra humanitária. Esta "fez exploração agrícola e animal nos terrenos da Quinta da Rainha, onde se cultivavam laranjeiras, batatais, hortaliças e flores. Criavam-se bezerros, porcos, coelhos, animais de capoeira e ovelhas; A venda destes produtos funcionava como benefício das alunas mais carenciadas" (Maria Judite Seabra).

    No primeiro ano de funcionamentodo liceu, o número de alunas era de cerca de 150 alunas e no ano de 1974/75 o número aumentou rapidamente para cerca de 1240 alunas. O ano com maior número de alunas inscritas foi no ano letivo de 1964/65 com 1794 alunas. No ano seguinte a população começou a drecrescer.

p216.JPG (14578 bytes)

    Durante a época de exames, as alunas que conseguissem mais de 16 valores, o seu nome era inscrito no Quadro de Honra do Liceu.

    As disciplinas do liceu eram iguais às do liceu masculino, mas era tido em conta o ensino de algumas matérias de acordo com o género. Os programas de Português e de História tinham em conta os valores que se pretendiam incutir no espírito das alunas. Os trabalhos manuais pretendiam promover aptidões que preparassem o desempenho das tarefas domésticas. Destes trabalhos são de destacar, os bordados, as rendas, trabalhos em malha, costura e feitura de chapéus. No entanto, esta disciplina foi deixada de ensinar nos cursos gerais, passando para o novo curso de Educação Familiar. Este tinha as disciplinas de Francês, Inglês, Moral, Governo Familiar e Saúde, Economia e Arte, Noções de Educação Política, Direito Usual, Higiene e Puericultura, Roupa Branca, Bordados e Técnicas, Chapéus, Flores e Arte Aplicada, Culinária, Educação Física e Canto Coral. Nas aulas de Educação Física, para além de ginástica, praticava-se dança e jogos. Destes jogos, é de destacar, o basquetebol e o voleibol, chegando mesmo a haver competições com outros liceus, o que contribuía  para a animação da vida no liceu.

    Em relação às outras disciplinas, é de referir a ligação que havia entre este liceu e a universidade que lhes prestava assistência a nível de material nomeadamente na disciplina de Ciências. Para além desta interacção havia ainda visitas de estudo e viagens no âmbito das disciplinas de História, Geografia, Ciências Naturais e Ciências Físico-Químicas.

    Para além destas actividades, as alunas do liceu desenvolveram actividades extracurriculares.

    Em relação à educação feminina, estas faziam trabalhos para os enxovais, conserto de roupas usadas e preparação para representações. Essas aconteciam no dia 19 de Dezembro. Faziam-se então representações das quais é de referenciar o Auto de Natal, alguns números do Canto Coral, preparavam donativos para os pobres, entre outras.

    A abertura das aulas era um momento importante. Para além de festas, eram organizadas palestras pelos professores do liceu e o Canto Coral iniciava a sua actuação com o Hino Nacional. Tal como nos outros liceus, aqui também se comemorava o 1 de Dezembro com uma palestra alusiva ao dia e de seguida as alunas deslocavam-se para a Igreja. No dis 8 de Dezembro todos os elementos constituíntes do liceu participavam na missa promovida pela Obra das Mães pela Educação Nacional, em honra às Mães. A semana das colónias acontecia geralmente em Abril ou Maio. Durante esta semana faziam-se palestras e exposições de trabalhos feitos pelas alunas.

    O Dia do Liceu era, dia 8 de Junho, dia do Nascimento da Infanta D. Maria. Neste dia, havia uma sessão solene onde se distribuia prémios às alunas que mais se distinguiram no liceu. Este acontecimento era aprveitado para iniciar as alunas ao trabalho escolar, através de um pequeno discurso de um aluna que cumprimentava as suas colegas, e convidando-as a seguirem o seu exemplo. Neste dia também se faziam exposições de trabalhos de Desenho, Trabalhos Manuais e Lavores.

    No dia 10 de Junho, eram feitos discursos alusivos ao dia e faziam-se também recitações de poesias.

    Faziam-se também festas de despedida das alunas finalistas, e neste dia fazia-se uma peça de teatro, recitações e danças.

    Este conjunto de actividades mostra os parâmetros da instrução e da educação feminina da época, bem como a importância das actividades escolares na formação integral das alunas.     

 

Conclusão:

   O Liceu Infanta D. Maria preparou muitas gerações para o desempenho de funções sociais, culturais, económicas e políticas. Abriu-lhes o caminho para os estudos superiores e para o desempenho de cargos profissionais. Este era alinhado pela política vigente, e surgiu na cidade com o objectivo de cuidar o seu futuro e incutir-lhes valores dominantes.

 

 

 

                                                                           VOLTAR

                                                                             WB01511_.gif (114 bytes)

                                                                                          PÁGINA PRINCIPAL

                                                                                                     wpe5.jpg (941 bytes)

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt