Castelo Branco

  • Liceu Nuno Álvares

Designações:

 Nome de origem: "Liceu Nacional de Castelo Branco"

Em 1911: "Liceu Nacional Central de Castelo Branco"

Em 1918: "Liceu Nacional-Central de Nuno Álvares"

Em 1936: "Liceu Nacional de Nuno Álvares"

Género:

 No início: Liceu Masculino

Em 1885: Primeira aluna matriculada

Em 1886: Duas alunas matriculadas

A   partir do final do séc XIX: Liceu misto

Criação:

   É no contexto da concepção de Estado que surge uma adaptação ao sistema de ensino que implicou a criação de liceus em Portugal, e entre eles o de Castelo Branco. Este ainda sem estatuto de liceu, dispunha das disciplinas de Gramática Latina, Filosofia e Retórica. O liceu funcionou em instalações provisórias até 1836. Foi nesse ano que, com a reforma de Passos Manuel, foi criado um liceu em cada distrito.

    Esta nova situação, trouxe alguma instabilidade, pois não havia professores nem instalações próprias para tal. Nesta altura, o clero ainda estava muito ligado ao ensino e não acreditava nestas inovações, bem como a população local. Teve-se então de implementar um liceu que tivesse um clima mais tradicional e, através deste conseguiu-se implantar o liceu em 1848. Este dispunha das cadeiras de História e Oratória; Gramática Latina e Latinidade; Filosofia e Aritmética. "Em nome de sua Majestade a Rainha, está definitivamente constituído o Liceu Nacional de Castelo Branco" (Auto de Constituição definitiva do Liceu, in Fundo do Ministério do Reino).

 

Instalações:

Localização:

   De inicio: Em instalações provisórias

    Quase desde o início: Edifício da Misericórdia Velha

    Em 1863: Palacete no Largo da Sé

    Em 1911: Paço Episcopal

    Edíficio Construído para o Liceu

    Em 1946: Avenida Nuno Álvares

 

  • Durante uma primeira fase, 1863/64, o liceu funcionava em duas salas, que eram antigas enfermarias de hospital, no edifício da Misericórdia Velha. No mesmo edifício, estava a Escola de Ensino Mútuo. Esta apenas ocupava uma sala que acabou por ruir em 1859 devido à degradação do edifício. O equipamento do liceu não era dos melhores, pois havia apenas "2 cadeiras de braços, 2 cadeiras para professores, 13 cadeiras de palhinha, 4 mochos e 34 bancos de pau; 1 mesa para exame e 5 bancas; 1 estante e 1 braseira com estrado; 3 tábuas para contas; 2 tinteiros de metal; 1 tesoura, 1 compasso, 1 raspadeira e 1 régua; 7 mapas geográficos; 4 obras de Frei Bartolomeu, 4 obras de Virgílio, 3 obras de Tito Lívio, 4 selectas francesas e 4 obras de Os Lusíadas" (cf. ofício do Governador Civil de Castelo Branco).

  • Em 1847, Marques Leite, professor de Filosofia Racional e reitor desde 1855, abriu uma aula de Teologia Moral e Sacramental que, em1857, se veio a tornar num curso eclesiástico frequentado de início por cerca de 30 alunos.

  • Em 1859, houve um desmoronamento do edifício do liceu. Surgiu então o problema de tentar encontrar novs instalações. Com a autorização do Ministério do Reino, foi arrendado, a 16 de Junho de 1863, um edifício situado no Largo da Sé. Este edifício não dispunha de boas condições e apesar de ser bastante grande, não tinha uma boa distribuição interior. O mobiliário era também insuficiente.

  • Em 1863, foram feitas obras que promoveram o alargamento do espaço. Nesta mesma altura, e em consequência da aplicação do currículo de Anselmo Braancamp, houve a chegada de novos professores que começou a dinamizar a escola.

  • Em 1864, começaram a ser leccionadas as disciplinas de Francês, Inglês, Desenho e Aritmética e Geometria. Em 1866, abriram as cadeiras de Princípios da Física, Química e História Natural.

  • Em 1870, o liceu reebeu uma biblioteca legada por José António Morão, primeiro reitor do liceu.

  • Em 1871, foi nomeado reitor José Joaquim Moreira de Sousa que leccionava as cadeiras de Matemática e Física desde 1866.

  • Em 1876, José Domingos Ruivo Godinho foi nomeado reitor e foi responsável pelas "Comemorações Camoneanas" em 1880 e a "Subscrição Nacional" em 1890. Nas Comemorações Camoneanas, havia um cortejo cívico e um sorteio de prendas oferecidas pelos habitantes, que fez com que, o liceu reunisse uma elevada quantia em dinheiro.

  • Os jesuítas, que reentraram em Portugal na primeira metade dos anos 50, tomaram conta de um orfanato em Castelo Branco e em 1873, transformram-no no Colégio de S. Fiel. O seu êxito foi imediato. O número de alunos do liceu aumentou e em 1910 já tinha cerca de 300 alunos.

  • O edifício do liceu forneceu os seus serviços para a realização de exames dos alunos do Colégio de S. Fiel. Este Colégio era cada vez mais considerado um colégio de elite, o que fez com que o número de alunos aumentasse.    

 

  Traços liceais:

        Em consequência da Reforma de Jaime Moniz, o liceu recupera o seu prestígio, começando a ter uma maior procura por parte dos alunos. Após a extinção do Colégio de S. Fiel, o número de alunos do liceu aumentou consideravelmente.

    As tranformações afectaram também o convívio e a diversão. As bandas passaram a animar as festas, as solenidades e os coretos de domingo. Surgiram ainda as récitas académicas e a Tuna. Havia também a comemoração do 1º de Dezembro com um sarau literário e musical. Destes rituais, faziam parte o uso de capa e batina e as praxes dos caloiros. Estas constavam em jogos e brincadeiras que se seguiam de um jantar.

    Apareceram os jornais académicos, "O Cri-Cri" e "O Átomo". O primeiro tinha um carácter literário e o segundo incidia na vida académica local.

    Com a implantação da República, o liceu foi mudado para o Paço Episcopal, onde ja dispunham, para além das salas normais, de uma sala de Desenho, de um museu de História Natural, de um laboratório de Físico-Química e de uma biblioteca. Tinha ainda salas para a secretaria, reitoria, professores, funcionários e arrecadações. É ainda de referenciar as boas condições de higiene, os pátios para os alunos e um posto meteorológico.

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Liceu no Paço Episcopal (1914)

    Com o aumento do número de alunos no liceu, formaram-se dois grupos de futebol e em 1912/13, foi feita a primeira grande viagem de estudo dos alunos até Coimbra e Figueira da Foz.

    Em 1913/14, surgiu o "Baptismo dos Caloiros" que se realizava no dia 1 de Novembro. Este foi um período de grande dinamismo no liceu.

    A escolha de Nuno Álvares para patrono aconteceu em 1918, numa reunião do Conselho Escolar, pois este era considerado um grande patriota.

    Durante os anos de 1917 até 1922, o liceu viu os efeitos da guerra, da fome e da pneumónica. Apesar disto, os alunos continuaram a seguir a tradição principalmente no uso de capa e batina. No entanto, o número de alunos decresceu.

    Em 1923 o país começa a recuperar, e o número de alunos cresce novamente, chegando a atingir cerca de 710 alunos em 1933/34.

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Evolução:

    Com a implantação do Estado Novo, passou a ser motivo de comemoração o dia 28 de Maio, data que foi bem recebida pelos estudantes de Castelo Branco. Surgiu a censura e os jornais académicos passaram a ser vigiados por professores e reitor do liceu. Estas novas mudanças visavam preparar elites e tornou-se mais importante a formação ideológica do que a instrução e a qualidade mais importante que a quantidade de alunos. A Mocidade Portuguesa apareceu como difusora desta doutrina, através de boletins e revistas.

    A cidade começou a ter novas avenidas e começou a construir um novo liceu. Apesar do entusiasmo em ter um novo edifício para o liceu, o número de alunos a frequentarem-no começou a decrescer desde 1934, chegando aos cerca de 430 alunos no ano lectivo de 1844/45. As razões deste decréscimo deviam-se às dificuldades sociais do momento, à expansão do ensino particular e à criação de um liceu na Covilhã.

    A construção do novo edifício, teve início em 1941 e em Maio de 1944 foi dado por concluído. O liceu foi transferido no ano lectivo de 1945/46. A inauguração aconteceu no dia 2 de Maio de 1946 e o convívio desta inauguração durou cerca de três dias. Com esta festa iniciou-se um convívio que começou a ser tradição. Foi realizado durante os anos de 1956, 1961, 1966, 1971.

 

Conclusão:

    Devido à exigência de qualidade e da formação de elites do Estado Novo, foi adiada a explosão escolar. Mas, depois da segunda Guerra Mundial, o número de alunos começou a aumentar rapidamente, chegando a atingir 1373 alunos no ano lectivo de 1967/68. É de referir que a percentagem de alunas começou igualmente a crescer ultrapassando os rapazes no ano lectivo de 1954/55.

    Já no novo edificio, começou a haver problemas de salas para tantos alunos, o que fez com que, tivesse de haver obras para construir mais salas. Enquanto essas obras não foram feitas, as aulas chegaram a funcionar até no refeitório e até nos vestiários por falta de espaço.

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Novo edifício do liceu (1946)

    O "tufão" (6 de Novembro de 1954) foi um acontecimento que marcou Castelo Branco. O edifício liceal ficou muito danificado e chegaram mesmo a morrer alunos. O liceu abriu 8 dias depois e a Tuna Académica realizou espectáculos em favor das vítimas. A ala sul do edifício teve de levar reparações. Nesta altura, Mourão Correia era reitor do liceu. Não era a pessoa indicada para o cargo, pois preocupava-se demasiado com a sua imagem junto da opinião pública. Este procurou combater os efeitos da explosão escolar seguindo modelos elitistas. No entanto, este foi mudando a sua atitude ao longo do exercício do seu cargo.

    A política de Veiga Simão veio unificar o Ciclo Preparatório, como forma de promover a igualdade de oportunidades a par da transformação da estrutura social e do mercado de trabalho.

   

 

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt