A Contra Reforma e os Colégios Jesuítas. Origem, Organização e Governo

 A. Scaglione

  The liberal arts and the Jesuit college system, Amestardam/Philadelphia: John Benjamin, 1986, capítulo III, pp. 51-74 (excertos)

 

A proximidade dos educadores do renascimento face aos ideais humanísticos pode ser observada em todas as instâncias sociais, tanto mundanas como religiosas, católicas e protestantes. Em particular, o sistema pedagógico jesuíta, certamente o mais bem sucedido e influente do renascimento, é claramente uma adaptação dos postulados humanistas às necessidades do tempo. Loiola e os seus seguidores herdaram e, à sua maneira, preservaram, os ideais educacionais do renascimento transmitidos através dos métodos filológicos humanísticos e da sua filosofia geral da aprendizagem. Digamos que os jesuítas produziram um "humanismo cristão" do sul, centrado em Itália, paralelo ao humanismo cristão do norte de Brethren e Erasmus, com o propósito de servir as necessidades práticas da igreja romana no quadro da contra-reforma. A linha directora é a ideia jesuíta de subordinar tudo à batalha da igreja com vista à sua preservação no mundo e na sociedade laica. Uma vez que esta sociedade, especialmente em Itália, estava infestada de práticas literárias "pagãs", era preferível submete-las aos novos fins do que ignorar ou lutar contra elas.

A educação humanística tinha alterado o ponto central dos temas medievais (nomeadamente: a interioridade com o fim de direccionar a alma para Deus e a reductio artium ad theologiam ) encaminhando-os para os temas da vita civilis e da reductio artium ad poeticam theologiam para a história, a política, a filologia, e as ciências humanas e do mundo. Analogamente, as novas escolas reformadas e contra-reformadas tendiam a educar o cidadão (incluindo os negociantes, políticos e chefes sociais em geral). A principal mudança face ao humanismo foi que o novo impulso teológico veio adicionar às virtudes dos bons cidadãos a dimensão de lealdade e devoção (e possivelmente dedicação) de membros da igreja - a igreja é explicitamente concebida como fundação da nova ordem social. Não obstante a sua forte motivação religiosa,  pode afirmar-se que os jesuítas continuaram, num clima novo e de harmonia com as necessidades peculiares do tempo, as lições e princípios básicos do humanismo renascentista.

      Entre os jesuítas, o interesse pelas humanidades vai transformar-se gradualmente numa genuína dedicação, como se verá. Porém, esse interesse viveu sempre lado a lado com  interesses teológicos ou, pelo menos, com um forte compromisso confessional. Sempre acompanhadas ao longo da idade média por uma cultura secular e pelo saber clássico, as humanidades foram entendidas como o "espólio do Egipto" -  antiga metáfora bíblica que Inácio menciona especificamente, por exemplo, em  carta a Geraldo em 1555  motivando-o para o estudo da literatura, e que relembra novamente nas Constituições: "Poderia-se usar todo o conteúdo dos textos literários de autores pagãos como se do espólio do Egipto se tratasse".

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A história da Companhia de Jesus é simultaneamente a de um inigualável sucesso e de um trágico fracasso. O rápido e seguro crescimento da ordem impregnou todas as esferas sociais e culturais, desde a educação, que era a condição central da sua actividade, à economia e política. Tanto o rápido crescimento como os métodos usados  provocaram  uma reacção interminável, que posteriormente veio a aparecer como a principal razão para a supressão da Ordem, entre 1759 e 1813 (os jesuítas foram primeiramente expulsos de Portugal pelo primeiro ministro Marques de Pombal em 1759, depois de França, em 1764 a seguir ao "parlamento" de Paris ter legislado a sua supressão em 1762, depois de Espanha - incluindo todas as colónias Espanholas - desde Nápoles em 1767, e finalmente das duas Sicílias, Malta e Parma em 1768, até que o Papa decidiu suprimir a Ordem e secularizar os padres em 1773. Foi-lhes permitido continuar apenas na Prússia e na Rússia Branca). Os Jesuítas foram frequentemente acusados de maquiavelismo sem escrúpulos subordinando todos os princípios morais à sua ambição pelo poder, de praticarem a regra - que atribuíram a Maquiavel - de que o fim justifica os meios, enfim de praticarem, em larga escala, conspiração sinistra, imoralidade demoníaca, oportunismo e hipocrisia. Foram especificamente abominados como mestres em enganos e como proponentes ao regicídio. Descartes, Pascal, Voltaire e Diderot, para citar somente alguns dos mais proeminentes críticos, acusaram os métodos didácticos jesuíticos de vazio retórico e laxismo moral através de casuística e duplicidade. Mesmo alguns católicos militantes (como por exemplo, Vincenzo Gioberti) viram os Jesuítas como prova histórica viva do dictum: corruptio optimi pessima . No entanto, é um sinal da sua influência penetrante que mesmo alguns dos seus mais ilustres e brilhantes críticos foram educados nas suas escolas, como Guez de Balzac, d'Urfé, Descartes, Corneille, Bossuer, Moliére, Voltaire e Diderot foram, e como São Cirino, mestre fundador e inspirador do Jansenismo Francês, também foi.

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Visto do seu ponto de vista da igreja,  os Jesuítas apareceram como a força mais eficiente para salvar a igreja do ataque violento da Reforma respondendo ao desafio com a verdade moral, a disciplina e a reforma católica organizada. A verdade é que o impacto e sucesso relativo dos seus métodos é um grande laboratório para qualquer estudo antropológico, sociológico, psicológico ou político dos trabalhos secretos do poder, mesmo enquanto é evidente que exista qualquer coisa na sua estreita visão do mundo o que explica a reacção amplamente exibida contra eles.

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Chegou o tempo de perguntar como é que os colégios jesuítas aparecem. A resposta clássica é a tese de Dainville, que honra a Companhia de Jesus com a fundação dos colégios. A tese de Dainville é aceite sem reservas pelos historiadores da educação, ainda que a sua reconstrução dos acontecimentos seja evidentemente falsa. Como podem os Jesuítas, que foram autorizados a leccionar em 13 colégios municipais seleccionados depois de 1603, serem responsáveis pela criação de uma rede de trabalho ampla de escolas secundárias públicas que, por aquele tempo, alcançou o ponto de saturação de acordo com o testemunho de todas as fontes contemporâneas? A verdade é que os Jesuítas não fundaram colégios em França; eles simnplesmente substituíram os leigos dos corpos directivos das instituições existentes (...) Os colégios foram estabelecidos nos primeiros anos do século XVI pelas autoridades municipais e estas novas escolas, pagas com fundos provenientes dos impostos, nada devem aos jesuítas, que ainda não existiam.

Este ponto de vista de fendido por Huppert é bem aceite, e a sua análise seguinte do progresso das escolas provinciais, impressionante. Huppert também explica como a resistência aos jesuítas em França se baseou largamente no desejo dos cidadãos de preservarem a sua liberdade de acção e assegurarem a continuação dos altos níveis que haviam estabelecido afortunadamente às suas próprias custas. 

A pergunta mantem-se em aberto, no entanto, quando se deixa França  e se retorna ao facto de os colégios Jesuítas terem nascido, não em França mas em Itália. Quando, muito mais tarde, surge o problema de tomar instituições Francesas ou abrir novos colégios em França, os jesuítas têm já os seus programas e sistema operacional bem formulado sem a necessidade de copiar muito os franceses. Teriam esses programas sido influenciados directamente pelas escolas provinciais francesas?  Tanto as escolas seculares francesas como os colégios jesuítas baseavam-se no modus parisiensis  e na ideia humanística de uma educação de artes clássicas e liberais. (...) 

Além disso, o "estilo Francês" do currículo humanístico, estritamente regulado e graduado, foi vigorosamente reforçado entre 1530 e 1560 pela maioria das cidades provinciais francesas nos seus colégios seculares. Estes colégios foram estabelecidos pela iniciativa dos conselhos citadinos, debaixo da supervisão estrita dos conselhos escolares e eram inteiramente financiados por impostos locais e dotes privados. Podiam prolongar por quatro a sete anos os estudos, desde septième  a Première , começando tão cedo quanto a idade de seis anos ou mais, distribuindo os alunos regularmente por classes graduadas com programas uniformes ao longo do país, de tal modo que mudando de cidade para cidade no meio do curso não apresentaria sérias dificuldades, nem mudando ou substituindo os regentes no meio do ano. O director era contratado directamente pelos conselhos citadinos, preferencialmente de entre os mestres de artes de Paris (facilmente atraídos pelos salários que eram muito mais elevados que os dos professor de colégios em Paris). Ele era responsável pelo ensino e pessoal do corpo directivo e tinha o privilégio exclusivo e remunerado de manter uma grande porção do corpo estudantil como seus alunos internos privados que pagavam pensão. A instrução era grátis para todos os residentes, mas os não residentes tinham de pagar. Os monges  não eram contratados quer como directores quer como regentes, uma vez que eram vistos como incompetentes, não confiáveis e preguiçosos, enquanto que os padres seculares eram ocasionalmente considerados mas mantidos afastados porque alheios à mentalidade burguêsa dos cidadãos interessados na protecção das suas crianças. Os programas eram humanísticos e vocacionados mais para satisfazerem as necessidades dos filhos dos burgueses do que para o treino de padres como as escolas diocesanas faziam tradicionalmente. Este sistema escolar era claramente aliado à ideia moderna da educação secundária, uma vez que era concebida como preparatória para o grau universitário das escolas profissionais, providenciando uma fusão das artes liberais com o treino técnico e científico.  Este conjunto de importantes progressos respeitantes à situação particular francesa tem de ser tido em mente como um correctivo para  algumas das implicações inerentes às perspectivas defendidas por Dainville e Codina Mir que tendem a forçar a comparação entre o vácuo das instituições seculares com as iniciativas respeitantes às várias experiências religiosas que estudaram. 

A Ordem dos Jesuítas foi fundada no tempo em que as comunidades da Europa Ocidental reconheceram uma necessidade geral para progressos na educação elementar secundária, tal como de reformas nos graus universitários. Na França provincial a atitude pública foi indubitavelmente influenciada pelas ideias Protestantes rapidamente divulgadas, incluindo a instrução de Luther aos seus seguidores de que era dever de um pai Cristão educar seus filhos para que eles pudessem ler as Escrituras. O concelho de Luther deu um poderoso impulso para a instrução a um nível privado, mesmo sem intervenção pública. De facto, tanto os estados como as cidades eram frequentemente relutantes ou incapazes de fazer consideráveis esforços de administração, organização e financeiros necessários para uma tão difícil tarefa. O Conselho de Trent ordenou os padres Parisienses estabelecerem escolas para a difusão da doutrina Cristã entre as massas, mas a dificuldade era a ignorância largamente extensiva e a falta de preparação dos próprios padres. O Conselho também ordenou o estabelecimento de escolas separadas e opostas para o mesmo propósito, mas sem providenciar os meios, e a grande ideia de abrir escolas públicas elementares para os filhos de pessoas comuns, também encorajado pelo Conselho, encontrou resistência nas classes mais altas que receavam que o aumento de instrução fosse socialmente destabilizador. O fracasso da comunidade e da igreja, em satisfazerem a procura de uma educação melhor foi a oportunidade dos Jesuítas. Como outras novas Ordens, eles entraram neste vácuo e advogaram a responsabilidades a eles próprios, como os únicos que estavam impacientes e suficientemente equipados para fazerem o trabalho. A maior parte das comunidades reconheceram o valor dos seus serviços e estavam gratos por eles.

Uma vez que os planos dos Jesuítas para uma acção apostólica ganhou forma num clima particular dos círculos eclesiásticos Romanos, as suas capacidades pessoais adaptaram-se admiravelmente às necessidades precisas da igreja. Primeiro, existia a necessidade de aceitar a pronta acção de evitar a situação lamentável de um clero ignorante, uma vez que não havia esperança de que tais pastores pudessem assumir o papel para educar as massas. O Conselho de Trent estava para legislar o estabelecimento de seminários para o clero, ordenando as dioceses a agir conforme as circunstâncias. A incapacidade intelectual tal como moral do sacerdócio era um argumento de peso da propagando Protestante, mas a saída da lei não foi resposta, uma vez que não havia nenhum sitio para onde se voltar para encontrar os instrutores necessários, e as dioceses tornaram-se surdas porque Roma não estava providenciando nem fundos nem pessoal. Os Jesuítas surgem em cena no momento mais oportuno para assumir uma tão difícil e crucial tarefa, e a chave do seminário, na importante capital do Cristianismo Católico, foi-lhes de facto entregue em 1565. O importante seminário de Milão, fundado com a mediação de Carlo Borromeo, foi igualmente entregue aos Jesuítas e aberto em 1564 (Scaduto III 441,455). Ao mesmo tempo parecia imperativo receber o clero Alemão dentro dos muros seguros e controláveis das residências Romanas e treiná-los para o trabalho apostólico em casa. Portanto, a 31 de Agosto de 1552, a ordem de Julius III Dum sollicita  ocupa a fundação do Colégio Alemão: foi imediatamente entregue aos Jesuítas que treinaram os seus crentes no seu novo Colégio Romano.

Geralmente falando, mesmo tornando-se natural identificar os Jesuítas com os seminaristas Tridentinos, o facto de estarem frequentemente juntos era largamente coincidente, como resultado de uma necessidade real de um lado e por outro lado, dos Jesuítas terem, sozinhos, o equipamento necessário para satisfazer essa necessidade (Kurrus 23). A propósito, tanto o Colégio Alemão como o "Seminário" em Via del Seminario (atrás do edifício original do Colégio) estão ambos ainda em funcionamento hoje, embora o último seja agora uma residência exclusivamente para padres Jesuítas que estudavam na vizinhança da Universidade Gregoriana Jesuíta, visto que originalmente alojava, também como uma residência e debaixo do controlo Jesuíta, todas as categorias de noviços para serem preparados para o sacerdócio secular.

Isto aumentou a frequência de presenças, nos colégios Jesuítas, de estudantes leigos externos e noviços Jesuítas, e o diferente tratamento destes dois grupos em termos de disciplinas, programas didácticos e alojamento. Os noviços (novitii ) viviam no collegia  (domus , casae ) probationis  por dois anos, terminando com a realização dos primeiros votos, após os quais se tornavam estudantes de scholastici  e por isso entravam na norma, colégios "públicos" Jesuítas, uma vez que fora destes colégios os Jesuítas proporcionavam apenas exercício espirituais e doutrina Cristã, nenhum ensino formal. A educação formal de noviços nos colégios era constituída por três anos de Filosofia e quatro anos de teologia, após os quais voltavam às casa de tirocínio para um terceiro ano de noviciado (Tertium annum probationis ). A primeira admissão ao noviciado acontecia por isso, depois das classes mais baixas de artes liberais aos 16-18 anos de idade, e uma vez que era então esperado que todos os novos Jesuítas ensinassem durante três anos aproximadamente antes de se tornarem padres de "corpo e alma", todo o noviciado envolvia treze anos de treino depois dos anos necessários de Gramática, Estudos Clássicos, e Retórica, isto é, 10 anos mais três de ensino (cf., particularmente, Ruiz Jurado).

Em qualquer caso, a decisão de Loiola a favor de dar prioridade absoluta à missão educacional torna-se política formal com o seu sucessor Laínez (1556-1565), mesmo ao ponto de resistir às pressões das missões extra-Europeias, para as quais os alojamentos professos mereciam mais atenção que as escolas ou colégios. Polanco descreve claramente os pensamentos do fundador em 1555: "A intensão do nosso pai  é que, especialmente nesta etapa inicial, sejam os colégios a se multiplicarem, mais que os alojamentos" (Scaduto III 227). Quando o Bispo de Modena oferece-se para alojar os Jesuítas nos alojamentos episcopais, uma vez que o colégio local teve de ser fechado em 1554 devido à falta de fundos, Inácio manteve-se firme: Os Jesuítas manteriam-se em Modena somente na condição de ser possível que eles pudessem dirigir um colégio; ou eles estariam num colégio ou não ficariam em nenhum sitio (ibidem). Além disso, os colégios só seriam aceites se os dotes fossem suficientes para dirigir uma operação completa, nomeadamente, para manter pelo menos quarenta padres, como Inácio lembrou a Laínez em 1553 (ibidem)(cf. Leturia).

Por outro lado, sendo a procura maior que os meios, os Jesuítas tiveram de repelir um pedido a seguir a outro, uma vez que os seus números mantiveram-se sempre relativamente pequenos e os seus meios eram pobres e inseguros. Mesmo mais tarde, quando estavam bem estabelecidos, encontra-se caso após caso de aceitação relutante de doações que lhes eram oferecidas.

Gregory XIII (1572-1585), por exemplo, seguiu uma política activa de estabelecer colégios e seminários para o treino de padres especialmente em áreas disputadas pelos Protestantes (ver Kurrus 23). Enquanto usava os Jesuítas como seus melhores aliados, ele também tomou iniciativas directas através dos seus Visitantes e de Nuntii. Um caso semelhante que tem sido estudado em detalhe por A.J.Marquis é o de Freiburg na Suíça, cercado como estava entre Bern, fortemente Protestante, e Genebra. Em 1579-80 o Papa arranjou através de Nuntius Giovan Francesco Bonomini, Bispo de Vercelli e de um correspondente, amigo intimo, delegado e governador de província do Cardial Carlo Borromeo de Milão, permissão para fundar um colégio em Freiburg e a doação de dois mosteiros em ruína para serem usados, um Agostiniano e o outro "Premonstratensian". Os Jesuítas, no entanto, nomeadamente o Geral Mercurian e o Provincial, declinaram primeiramente a nomeação de Upper Germany Hoffacus; então, em Outubro de 1580, um pouco relutantemente aceitaram e mandaram Peter Canisius (1597) e Robert Andrew para estabelecerem o colégio, que abriu em 1582. Por aquele tempo os padres estavam prontos para apresentarem os seus programas bem formulados e livros de textos. Marquis, por exemplo (190), assume que Pontanus mencionado como texto básico é o Napolitano humanista Gioviano Pontano, mas era obviamente o Jesuíta Alemão Jacobus Pontanus (Spanmüller), como Szilas (207) corrigiu convenientemente.

Freiburg im Breisgau, estudado por Kurrus, é um bom exemplo da dificuldade de encontrar tanto seminários como colégios, singularmente ou em combinação. Embora antecipadamente estivesse no acordo que ambos eram necessários em Freiburg, não aconteceu nem devido a dificuldades externas (política) nem devido a dificuldades internas (da direcção, apesar do interesse perspicaz de Canisius e Nadal em entrar nesta área contra a relutância de Hoffacus para estabelecer novos colégios antes de consolidar os já existentes).

Quando conseguiram entrar, no entanto, os Jesuítas entraram em força, depois de planear cuidadosamente. Em Freiburg eles obtiveram eventualmente o consentimento das autoridades académicas locais tal como, em 1620, a chancelaria do Arquiduque Leopold, para assumir todo o ensino de Gramática, Poesia, Retórica, Filosofia Teórica, Ética, e, em cooperação com os teólogos seculares locais, Teologia. Somente os cargos administrativos mantiveram-se fora da sua autoridade porque isto teria infringido as regras da Companhia.

Os colégios eram antes de mais nada a arma dos Jesuítas e o meio de influência social. O primeiro colégio foi o de Messina (1548), prontamente seguido pelos Romanos (1551) e um "bando" de outras províncias entre os quais o Colégio de Parma (1599) que tornou-se um dos mais prestigiados. Foram activados trinta Colégios, dezoito deles em Itália e seis aprovados até à morte de Inácio em 1556. Em 1607, existiam 293 Colégios com 581 candidatos, 287 em 1615, e à volta de 1750 tinham aumentado para 669, mais 176 "Convitti" (Edifícios unicamente Residenciais, como o antigo Colégio Alemão em Roma). À morte de Inácio existiam 1000 Jesuítas profissionais, com mais de 70 alojamentos e cerca de 100 fundações em todo o mundo, desde a Europa ao Japão, África e América do Sul. Em 1640, celebrando o primeiro centenário debaixo da diplomacia de Muzio Vitelleschi, a Ordem contava mais de 16.000 Jesuítas com 521 colégios, 49 seminários, 280 residências e missões, 54 alojamentos de noviciados, e 24 alojamentos professos (cf.Imago primi saeculi S.I. , Antwerp, 1640). O último recenseamento completo antes da supressão foi feito em 1749, dando um número de 22.589 Jesuítas, metade deles padres, os restantes, seminaristas (scholastici ) ou irmãos adjuntos, com algumas 845 instituições educacionais em 39 províncias (Donohue 4). Na altura da supressão da Ordem em 1773, eram contados 669 colégios, com 171 seminários, 61 noviciados, 24 alojamentos professos, 340 residências, 271 missões, 1542 igrejas, e 24.000 membros. Só para se poder comparar, em 1950 podia-se contar ainda 250 colégios e instituições, e em 1960 existiam 34.687 Jesuítas em 77 províncias e vice-provincias (Donohue 4).

Em 1559 a população do Colégio Romano era de 600 estudantes, dos quais 50 estavam em teologia, 200 em filosofia, e os restantes em estudos clássicos. O Colégio era também a residência dos padres Jesuítas, que junto com os residentes do Colégio Alemão (apenas um edifício residencial, sem aulas na casa) e a Casa Professa contava 150 em Dezembro de 1556 (Scaduto IV 280f.). Em 1561-62 o corpo estudantil cresceu para aproximadamente 900 (no caso 80 em teologia, 300 em filosofia, 530 em letras). Em 1564 os 160 "convittori" (internos ou residentes) do Alemão eram todos estudantes externos do Romano. Esta vaga na população estudantil estava em competição com a Universidade de Roma (a Sapienza), da qual a população diminuía consequentemente. Muitos dos professores eram de Espanha, começando com o popular Declamador de Filosofia, Francisco Toledo de Córdoba. Muitos dos estudantes, no entanto, eram de Itália. No programa de Estudos Clássicos era ensinado Latim, Grego, e Hebraico, com a junção posterior do Árabe.

Uma das primeiras criticas à educação Jesuítica esboçou um argumento válido contra o seu "espírito prático" imprudente, um tanto filisteu em preferir classes grandes para poupar nos salários dos professores e maximizar o trabalho dos professores. Dainville (175) assegurou o tamanho das classes de Francês em média de 150-200 alunos no curso de Gramática sob vigilância de um regente, e 90-100 em Estudos Clássicos. Mesmo num tempo em que classes grandes eram bastante comuns, estes valores eram bastante grandes.

O Collegium Nobilium  de Parma era dito alojar, num bonito edifício associados à Universidade local, uma média de mais de 200 novos fidalgos de Itália e de fora, ocupados no estudo de todas as disciplinas e um número limitado deles também na prática dos exercícios de fidalgo (esgrima, equitação, etc.). Um dos primeiros colégios fronteira foi o de Ingolstadt, com um conjunto de instruções de 1556 do próprio Inácio para os 18 Jesuítas enviados de Roma, a pedido de Albert V da Bavaria: "Instructione per il Collegio che si manda a Ingolstadio, partito alli 9 giugnio 1556". Este é um conjunto detalhado de instruções particularmente interessante e rico, importante também pela sua data precoce. Recomendava aos padres muito respeito pelas autoridades locais, com repetidas instruções para fazer com que a aprovação do Duque fosse assegurada para um número de possíveis actividades, para ganharem a sua afeição e a da sua corte por meio de serviços especiais, e associarem-se a pessoas importantes de influência. Recomendava o uso de Summa doctrinae christianae anno 1555 primum excussa  de Peter Canisius e da versão Alemã de uma redacção mínima do seu catecismo (também 1555). As negociações começaram por volta de Setembro de 1549: ver a bonita carta pragmática de 24 de Setembro de 1549 (MI  Epp.XII 239-47), com instruções para Salmerón, Le Jay, e Canisius que estavam sendo enviados para a Universidade de Ingolstadt. A sua missão foi atrasada pela morte do duque Wilhelm IV da Bavaria e só poderia ser terminada sob a supervisão do seu sucessor Albert V. A Carta de Loiola de 20 de Janeiro de 1556 para Albert V da Bavaria, negociava as condições para a instalação de um colégio em Ingolstadt (MI   Epp.X 538-40). Focar-se em tal local foi um bom sinal do senso geopolítico de Loiola. Ingolstadt (1472) foi a primeira sede da universidade principal da Bavaria, conhecida hoje como Ludovico-Maximilianea, posteriormente transferida para Landshut (1800), e depois para Munique (1826).

A presença dos Jesuítas foi o principal factor na recuperação da maior parte do Sul da Alemanha e assegurar a sua lealdade para com Roma. Em outras áreas periféricas não foram tão bem sucedidos. Depois da Reforma de Henry VIII, a influência dos Jesuítas tentou avivar as esperanças Romanistas em Inglaterra debaixo da direcção de dois chefes autoritários que exercitavam grandes talentos de organização e charme pessoal: Robert Parsons (um Jesuíta desde 1575) e Edmund Campion (aprisionado, torturado e executado em 1581). Foi uma causa perdida, e os colégios Jesuítas que sobreviveram por um curto tempo foram ajudados pelo Colégio Católico Inglês fundado em Douai em 1568 como parte da Universidade nova (cf. C. E. Mullete II 135-8).

Acabou-se de ver um exemplo de instruções precisas para o fim de impelir os padres a ganharem a simpatia e suporte dos poderosos. Esta política aberta não surgiu sem sérias objecções da parte de alguns seguidores de Loiola. Um destes incrédulos foi o Padre João Alvares, que considerou isto "o curvar-se aos joelhos de Baal". Através da caneta de Polanco, a resposta de Inácio foi rápida e firme: "Parece defender que o uso de ajudas naturais ou de fontes, e tirar vantagens do favor do homem, para fins que são bons e aceitáveis para o nosso Senhor, é curvar-se aos joelhos de Baal. Mais, parece que o homem que pensa que não é bom fazer uso de tais ajudas ou empregar este talento juntamente com outros que Deus lhe deu, sob a impressão que misturando tais ajudas com outras graças maiores produz uma "agitação" ou "fantasia" nociva, não aprendeu bem a ordenar todas as coisas para o derradeiro fim, que é a honra e a glória de Deus" (Cartas de St.Inácio, ed. Young, 191f., citado por Donohue 59).

Em qualquer caso, "os Jesuítas não poderiam acompanhar a procura, embora eles insistissem normalmente que os seus colégios, que usualmente não cobravam a instrução, eram bem favorecidos. Claudio Acquaviva nos cinco anos a seguir à sua eleição em 1581 como Geral recusou sessenta pedidos para colégios" (Donnelly 45, baseado em Rosa, Lukács, Codina Mir, Dainville, e Lundberg). Outras Ordens novas fundadas no mesmo século compartilhavam a principal preocupação da Sociedade, a fundação de escolas e seminários, mas a Sociedade era a mais bem sucedida neste empreendimento e em determinados momentos também ganhou em competições directamente com outras Ordens, como por exemplo com a "Scolopi" fundada por um padre também de origem Espanhola, Giuseppe Calasanzio, que em 1597 abriu em Roma a primeira "escola popular grátis" da Europa que cobria ambos os níveis elementar e secundário. Quando a Scolopi estendeu a sua "Scuole Pie" para chegar a níveis superiores de instrução abrindo o colégio Nazareno em Parma em 1630, os Jesuítas começaram a ter dificuldades até o Papa ter de dissolver a Scolopi em 1645. Também houveram dissensões internas. A Ordem foi, no entanto, restaurada em 1656 e tem continuado o seu trabalho desde então. Calasanzio tem também sido controverso devido às suas tentativas de difundir a literatura e a cultura entre os pobres, e as classes baixas despertavam o medo que o aumento de instrução iria indispor a massa populacional do trabalho manual e poderia ser socialmente destabilizador. No entanto a ideia esclarecedora de Calasanzio foi precisamente para salvar elementos alienados e potencialmente subversivos como ele viu em toda a parte entre os pobres de Roma dando-lhes uma ocupação, mental ou manual ("o che vadano a lavorar o alla scuola"). Em contraste, os Jesuítas pareciam voltar crescentemente a sua atenção para a educação de classes dominantes, mesmo sendo injusto concluir da posição mais proeminente dos seus colégios de fidalgos em algumas áreas, especialmente em Itália, em que tais colégios eram o governo. Na realidade eram excepcionalissimos. Não obstante uma lista notável de elitismo é vista como marco na prática educacional dos Jesuítas. Elitistas eram certamente no nível social, mas ainda mais no intelectual: a fraca realização era esporeada pela vergonha e pelo castigo, e, talvez mais significativamente, a grande realização era recompensada com louvores e prémios. O objectivo era consistentemente melhor o denominador comum mais alto do que a média.

A nova Ordem foi caracterizada desde o inicio por um sentido profundo e sério para uma organização prática. Os exercícios de Loiola depressa foram codificados no código de métodos respeitantes à guarda dos registos e correspondência de Laínez, o "Ratio scribenti" (Scaduto III 218-26). Contudo, apesar do grande número de registos preservados mesmo desde dos primordios e da constante fluência do saber praticado sobre eles através dos séculos, principalmente pelos próprios Jesuítas, um número de pontos chave mantinha-se incerto e conjectural. A Ordem desenvolveu-se muito rapidamente e estabeleceu as suas estruturas permanentes nos primeiros tempos. Não obstante, a linguagem das fontes indica que a natureza precisa e metas das suas instituições cristalizaram tanto com as intervenções dos primeiros colaboradores de Loiola e seus sucessores (especialmente Nadal, Ledesma, Olave, Laínez, Acquaviva e igualmente estudantes/organizadores como Possevino) como pelas instruções escritas pelo próprio Loiola (deixando de parte, largamente não documentado, o impacto verbal de Loiola). Deve também ser mantido vivo na mente que, como é tão vivamente mostrado na sua Autobiografia, a carreira de Loiola sofreu mudanças radicais em consequência da sua conversão de 1521, durante um período de 18 anos de grande força, intensamente espiritual, mas praticamente inconclusiva e ascetismo extremo, vivendo como "um bobo de Deus", para um programa de envolvimento extenso nos assuntos de mundo cultural e prático depois de  1538. Uma vez encontrada a sua verdadeira direcção, as éticas de Loiola mudaram drasticamente. Os estudantes da Companhia não insistiram nesta alteração, mas basta para comparar com a Autobiografia  tais marcas como a carta de Loiola de 7 de Maio de 1547 aos estudantes do seminário de Coimbra (MI  Epp.I 495-510), ou a carta de 20 de Setembro de 1548 a Francisco Borgia (MI  Epp.II 233-7) para assinalar o novo equilíbrio encontrado no desejo moral de evitar todos os excessos. Daqui parece justo concluir que a aceitação convincente da cultura humanista teve a sua parte nesta mudança. Suficientemente interessante, para o inicio da sua longa lista de referências a favor da moderação nos exercícios de devoção ele introduz uma citação pagã: a máxima nada em excesso (ne quid nemis ) atribuída a Pittakos, uma das Sete Prudências da Grécia antiga (carta para Coimbra, par.5). Ele desencoraja agora firmemente os seus seguidores, novos e velhos, os estudantes de Coimbra assim como Francisco Borgia, de todo o exercício de mortificação e penitência que poderia magoar o corpo - ele que até poucos anos antes andava nas ruas de pé descalço e de pernas despidas abaixo dos joelhos no Inverno, e ficaria dias sem comer ou beber! As suas palavras chave são agora descrição, moderação, cautela, prudência, e nada de "loucuras de purificação" (ibidem, por exemplo par.7).

O mais importante, os colégios foram primeiramente concebidos pela direcção de Loiola como seminários (seminaria ) para Jesuítas noviços (ver, especialmente, o testo Formula Instituti e Constitutiones ), visto que depois da primeira geração desenvolveram rapidamente para um sistema educacional "público" maior. Veremos um exemplo desta categoria ambígua na polémica envolvida na supressão do colégio de Pádua em 1591, quando as acusações também giraram em torno da natureza "ilegítima" do colégio "público" (para externos, é claro), uma vez que foi declarado que tinha sido originalmente aprovado pelo Papa e aceite pela Republica unicamente como um seminário Jesuíta sem menção explicita a externos (ver a discussão deste aspecto da questão em Donnelly, e ver 6.3. a seguir). O que parece provir de Loiola é o desejo para planear e regular, macro e microscopicamente. As suas Constituições  (escritas com assistência de Nadal) aspiravam não deixar nada ao acaso ou improvisado, e pode-se imaginar onde uma atitude assim para prescrever, formalizar e institucionalizar ao mínimo detalhe poderia realmente ser implementada sem todos se preocuparem em tornarem-se em burocracia administrativa com vontade de dispensar uma invulgar quantidade de tempo em aprender e verificar a cada passo um conjunto de regras muito complexas e por vezes confusas que ocupava cada momento do dia. Mesmo um companheiro de tão grande confiança de princípios de caminhada de Loiola como foi Nicolás Bobadilla não poderia evitar momentos de mau humor nesta situação, como quando escreveu para o Papa Paulo IV: "As Constituições e Declarações são num todo um labirinto confuso. São tão numerosas que ninguém, tanto súbdito como superior, pode vir a conhece-las, muito menos observá-las" (Inácio, The Constitutions , Ganss ed.55. Esta é a primeira edição completa em Inglês, com comentários extensivos e bibliografia, e é baseado no original Espanhol de Loiola, revisto em 1594 [Texto D]).

Esta atitude normativa e inteiramente paternalista que um observador não simpatizante poderia não hesitar chamar "formalista", baseava-se em parte no principio de que disciplina era necessário acima de tudo, e isto torna-se uma característica de poder da Ordem na sua implementação educacional. Isto impressionou os meios sociais nos quais os padres operavam, como o autoritarismo benevolente que revestia o clima da Contra-Reforma ao nível eclesiástico, político e social tal como o cultural e mesmo literário (a convicção literária a favor das regras "Aristotélicas" eram uma expressão análoga deste mesmo clima, como Tasso mostrou suficientemente bem mesmo com obsessão mórbida).

O "giornali" existente dá os acontecimentos de destaque e actividades do dia-a-dia, oferecendo assim uma visão detalhada das práticas administrativas e de organização. Um jornal assim (Manuscrito Jesuítico 1565 da Biblioteca Nacional de Roma, Jornais de 1726 e 1784 [sic]: ver fólios 74-101; "Consuetudinorum llibri VIII", resumindo e codificando as regras até 1712 respeitantes ao "porteria" ou "portineria", porteiro do escritório do Colégio Romano) ostentou um nível impressionante de detalhe na instrução dos deveres do porteiro, mensageiro, ou moço de fretes atendendo à aplicação das salas às várias classes (classes de "Casi di coscienza", "Filosofia morale" e "Teologia morale" são dadas separadamente) e ao modo de assinalar o inicio de cada acontecimento diário fazendo soar a campainha. Deve-se acrescentar que as funções do porteiro estavam já claramente definidas nos colégios seculares, especialmente em França. Esta posição era frequentemente preenchida por um professor pouco elementar ou por um mestre de alfabetização, que ocupava o mais baixo escalão da escala salarial. No século XV em França o porteiro poderia receber não mais que 15 "livres" no salário anual, contra 25 para o terceiro regente, 50 para o segundo, e tanto como 80 para o primeiro, ou mesmo mais que 100 para um homem de primeira classe. Apenas os escalões mais elevados tinham uma graduação de Mestre (Huppert 50f.). O uso da campainha para assinalar o inicio das aulas era também um aspecto regular da vida num colégio secular Francês (Huppert 59), enquanto parecia ser uma novidade em Itália quando os Jesuítas introduziram-na nas suas escolas (cf. 6.5.2. a seguir).

Loiola declara que "em geral os estudos literários não são adoptados nos alojamentos da sociedade" (Constitutions , Ganss ed. 165f. [290], mas ver a carta importante de Loiola de 21 de Maio de 1547 sobre o estudo da literatura antiga). Isto parece referir-se aos alojamentos dos professos, que eram esperados viverem originalmente exclusivamente de esmola. Os escolásticos  ou estudantes noviços, no entanto, deveriam viver em colégios a serem estabelecidos por dotes para os tornar financeiramente independentes e permitir aos estudantes que se entregassem inteiramente aos estudos, sem terem de perder tempo quer começando pelo seu sustento ou mesmo, depois da ordenação, em deveres eclesiásticos para cuidar das almas. Loiola manteve sempre a visão de que a educação, a principal preocupação da Sociedade, deveria ser dada gratuitamente (a instrução em escolas Jesuítas começou a ser paga somente depois da saída da distribuição papal em 1833 e 1853, excepto para os colégios dos nobres, onde era esperado que os filhos da nobreza pagassem pelo menos parte dos seus custos - ver Ganss ed. 226). Mas desde que a Sociedade foi estritamente limitada pelo voto de pobreza, as escolas podiam ser suportadas através das doações, e consequentemente aceitarem-nos quando oferecidos pelas cidades ou governadores, na condição de serem independentes financeiramente. Em 1551 Loiola mandou o seu secretário Juan Alfonso de Polanco (1516-1577) escrever uma carta programática para Araoz, Provincial de Espanha, descrevendo o procedimento para encontrar benfeitores para estabelecer colégios para externos, escrevendo os planeados auxílios espiritual, moral, e económico para a Sociedade como para a comunidade mais amplamente. É uma carta interessante que deveria ser comparada com os argumentos documentados para o estabelecimento de escolas naquele e tão primórdio tempo, tal como os debatidos pelo Conselho Municipal de Basel (ver texto Espanhol da carta em "S.Ignatii Epistolae", Monumenta Historica S.I. , Ser.1a, 12 vols., Madrid, 1956, 25-9). As Constituições  ainda especificam que a garantia da graduação deveria ser "toda grátis", e "só deveria ser permitida aos estudantes externos uma pequeníssima despesa" (por exemplo, para cobrir despesas de notário) , e mesmo esta deveria ser voluntária. Nenhum auxilio financeiro à Sociedade ou a  qualquer membro deveria em algum momento provir das próprias escolas, e consequentemente nenhum professor Jesuíta ou administrador escolar deveria receber salário algum pelas suas actividades. Nas escolas somente trabalhadores como os porteiros (bidelli ) deveriam receber salários ([478,495,498-500] - Ganss 222, 226f.).

Esta disposição para trabalhar somente "para a maior glória de Deus" sem qualquer tipo de remuneração para os professores internos e externos aos colégios deu às escolas Jesuítas uma vantagem competitiva definitiva que só poderia preocupar mais os professores. Dirigir uma boa escola poderia ser um fardo considerável do ponto de vista financeiro nas comunidades uma vez que os salários de escolásticos notáveis poderiam ser execivamente altos. Humanistas Italianos de alguma reputação poderiam esperar uma média de 500 florins anualmente no Quattrocento, mas um que fosse muito procurado poderia conseguir tanto como 2250 florins em 1499 na Universidade de Pavia, por exemplo, onde o salário médio de 68 professores para aquele ano foi de 250, incluindo muitos profissionais que ensinavam apenas em part-time. Para uma melhor comparação, a média para um carpinteiro ou pedreiro em 1499 em Pavia foi de 62 florins, enquanto que um trabalhador sem qualificações recebeu 31, um trabalhador municipal 84, e o presidente da câmara municipal 540 (ver Ceserani IV 117f., das tabelas de Dante Zanetti). Providenciar educação sem custos a estudantes sem bens era sem dúvida um objectivo poderoso e atractivo para as escolas Jesuítas. Só é necessário pensar que garantir a graduação, praticamente grátis nas instituições Jesuítas, como se viu especificado, custaria frequentemente aos beneficiários uma pequena fortuna numa universidade normal (ver tabelas estudadas por Le Góff e Frova 132f. e reeditadas em Ceserani III 249f.).

As dificuldades inerentes aos custos de direcção das escolas são ilustradas pela magreza dos orçamentos da biblioteca. Dainville (292-307) analisou os orçamentos do colégio de Aix no século XVIII. A média orçamental da biblioteca para um ano era cerca de 80 "livres". Trinta e seis porcento foram para as compras religiosas, 16.5% para a ciência (muito pouco para filosofia), 14% para literatura, e 16.5% para os periódicos (as revistas eram metodicamente estudadas, para assegurar uma selecção sábia para a compra, mesmo com grandes demoras, como aconteceu com as obras de Galileu, Newton, Molière, para garantir que a obra fosse válida e durável).

Em qualquer caso, o poder persuasivo dos Jesuítas era sempre considerável, desde dotes, doações, e concessões de espaços e imóveis que continuavam a vir sucessivamente. Em meados de 1552 o grande Vignola estava a trabalhar, desde Perugia, no projecto para o imponente Chiesa del Gesù, que foi começado, com planos definidos, em 1568 e acabado por Giacomo della Porta (arquitecto da fachada) em 1576. Tornou-se um modelo para posteriores igrejas Jesuítas. O grande, velho Bernini (1598-1680) persuadiu-se a doar o seu valioso trabalho para desenhar Sant'Andrea al Quirinale e supervisionar a sua construção, iniciada em 1658, contratando os melhores mestres disponíveis (ele aceitou somente, como a história conta, como premissas algum do "pão dos noviços" que era cozido pelos padres).

Loiola planeou um sistema educacional completo iniciado imediatamente depois dos níveis elementares e compreendendo todas as classes e disciplinas durante os níveis secundários e do bacharelato (seus "colégios") para o estabelecimento de verdadeiras universidades Jesuítas, a qual teria somente duas faculdades de Artes e Teologia, uma vez que ele não considerava Direito e Medicina. As idades para o colégio estariam entre os 9 no mínimo ou 14 no máximo para admissão, e os 21 para conclusão dos requisitos principais para a "licentia". Ganss ed. 213-15 fns. 1-6 dá os casos exemplares de Canisius, Bellarmine, Lessius, Corneille, e Calderón como ilustrações de um padrão típico: educação elementar (com tutores privados) desde a idade dos 5 aos 9, depois o colégio Jesuíta de línguas desde dos 10 aos 13, artes pelos 14-16, finalmente Teologia pelos 17-21.

A uma pergunta de 1551 de Coudret, a resposta firme de Inácio foi que a falta de pessoal não permitia a admissão de "elementares" ou crianças pobremente letrado (conhecidos em Inglaterra como A.B.C.s ou "alfabetos" - Lawson 28), então estes tinham de ser rejeitados (Codina Mir 296f.). Importantes e típicas excepções eram para ser feitas em missões distantes, uma vez que o ensino da leitura e escrita era o meio mais seguro da acção apostólica entre os infiéis. De facto, dentro de poucos anos desde as origens Italianas, os colégios Jesuítas começavam a brotar em todas as terras da América, África, e Este e Sul da Ásia, onde o programa, falado e escrito em Latim e com Cicero e Vírgil na direcção, era o mesmo que em Roma, a diferença mais admirável era que os principiantes não Europeus eram totalmente iletrados. No colégio de Goa, por exemplo, em 1552 podia-se ler Virgíl, Sallust, e Cicero, e em 1556 Tristia  de Ovid (Dainville 169f.).

Originalmente Loiola prescreveu uma divisão em 5 "classes" com 5 professores diferentes: três sucessivos em gramática, depois um para Estudos Clássicos e outro para Retórica, estes dois incluindo Grego e Hebraico (Constitutions  [457], Ganss ed. 217). Cada cadeira poderia ser duplicada ou triplicada no caso de muitos registos. As cinco classes poderiam demorar tanto quanto 5 anos ou no mínimo 3, dependendo da capacidade individual, uma vez que cada classe ou, melhor, período lectivo poderia durar um ano inteiro ou um semestre. As ciências naturais deveriam demorar 3 anos, mais metade de um ano para revisões e preparação para os "actos académicos" (exercícios académicos e actos públicos como as disputas públicas e exames exigidos para a qualificação) conduziam ao privilégio da graduação de Mestre de Artes. Teologia deveria demorar 4 anos, de alguma forma menos se garantida, e era o tipico tema canónico para o Doutoramento, que poderia ser concedido depois de 2 anos adicionais de revisões e realização dos "actos" ([471-78]: Ganss 221f.).

As disciplinas eram divididas de maneira tradicional: primeiro os Estudos Clássicos (humanitates , humanae litterae ), começando com a Gramática avançada (uma vez que a admissão para o Colégio presumia e testava a aquisição prévia dos elementos gramaticais básicos), Retórica, línguas (parte trivial do tradicional) e consequentemente a própria Filosofia, nomeadamente Filosofia Natural e Moral, Metafísica, Teologia, e as Sagradas Escrituras ([351]: Ganss ed. 188). Loiola mostrou pouco interesse em problemas de métodos, limitando-se a aconselhar a manterem um método próprio que assegure a atenção e a eficácia da comunicação. Os seus colaboradores elaboraram mais esta ideia e adicionaram referencias à própria elegância e pureza do estilo Ciceriano (Ganss ed. 188 fn.3), uma vez que a retórica era vista como um alicerce necessário para uma pregação eficaz e oralidade pública ou privada antes do tipo de audiências educacionais e mesmo eruditas que os Jesuítas vieram a tornar em seus objectos.

Na maior parte dos países além de França uma novidade impressionante na forma de Loiola planear as coisas era a disposição sistemática e cronológica das classes numa ordem lógica e progressiva, a par com o método de providênciar sempre uma análise introdutória de cada disciplina antes de exercitar o aprendiz na investigação de questões particulares. Embora tivesse sido tradicionalmente para treinar estudantes em artes manuais em geral que cobria todo um campo de artes triviais, este não era o caso em disciplinas mais avançadas (geralmente, em cursos de grau universitário), onde, como ainda é frequentemente o caso hoje, os professores costumam lançar-se directamente em casos tipicamente seminaristas e tópicos de investigação sem alguma vez dar bases adequadas para tais exercícios com uma inspecção de todo o campo de um modo compreensivo. Era, portanto, difícil existir qualquer divisão de alunos por idade ou origens. Mesmo em escolas humanistas, como a de Vittorino da Feltre ou de Guarino, uma Valla ou uma Cecilia Gonzaga poderiam estar na mesma classe, onde a idade poderia oscilar entre 6 (Cecilia) e 23 anos (Valla), capacidades variando de medíocre a génio, e anos de estudos prévios de zero a dez ou mais. Loiola sentiu que o resultado foi falta de ordem, nenhuma distinção entre aplicações fundamentais e particulares, e nenhum julgamento realístico das capacidades dos estudantes para assimilarem e usarem os seus conhecimentos. Os professores eram também frequentemente deixados num estado de isolamento, sem exercícios e repetição para o bem do conhecimento profundo, assimilação, e apropriado memorização. Mas Loiola sentiu que o que ele tinha presenciado em Paris era uma excepção a este estado geral de acontecimentos, portanto ele declarou frequentemente para emitarem o modus parisiensis  ("el modo de Paris, con mucho exercício" - [366]: Ganss ed. 191f., fn.6).

Esta inovação foi, no entanto, relativa no sentido do seu carácter sistemático aplicado ao curso completo dos estudos cobrindo todo o sistema de artes liberais. A rápida divulgação da organização didáctica dos colégios Franceses - tipicamente formados por quatro a sete anos de uma série de trabalhos e começando com o abecedário (um ou dois anos) - anteciparam alguns destes acontecimentos por um par de décadas (Huppert, especialmente ch.4, "The Style of Paris"). Tanto Dainville como Codina Mir analisaram este aspecto importante. A grande expressão modus parisiensis  pode ter sido uma reminiscência da inclinação dos hábitos Franceses para o que era visto como o "estilo de Paris" em organizar e dirigir os colégios provinciais a partir de 1539 aproximadamente (Huppert, ibidem). Este mesmo facto, tão exaustivamente divulgado por Huppert, deve ser mantido em mente em ordem para focar mais correctamente a originalidade e impacto de Brethren nas escolas Jesuítas, uma vez que tanto a regularização dos programas dos professores (ao longo das linhas especificamente sugeridas por Erasmos) como o reforço de regras estritas de comportamento (impostos do exterior pela preocupação dos pais), tal como a divisão das classes por idades e progressos, foram rapidamente divulgadas nos colégios provinciais Franceses em 1530 (Huppert). Portanto, os Jesuítas podem dever tanto ao exemplo desses colégios como ao de Brethrem, pelo menos neste aspecto.

O primeiro grupo de companheiros de Loiola receberam a sua primeira orientação para o meio académico pela frequência da Universidade de Alcalá de Henares, como Loiola, fez Bobadilla, Laínez, Ledesma, Salmerón, e especialmente Jerónimo Nadal, o fundador e director do primeiro colégio de Messina. Depois seguiram para Paris e sem dúvida a experiência em Paris, especialmente o "modus parisiensis " dos colégios de Sainte-Barbe e Montaigu, condicionou fortemente os planos futuros de Loiola. Como se verá, os boatos ocasionais de que Inácio imitou o programa de 1538 de Stum para o ginásio de Strasbourg merecem pouco mérito.

Condina Mir propõe ver o modus parisiensis  como intermediário directo entre os métodos de Hieronymite Brethren e os Jesuítas, actuando primeiro através das experiências Messina de Nadal, contra a hipótese formal de que os colégios Jesuítas haviam sido modelados depois de Liège por Strasbourg. Brevemente, Brethren pediu emprestado os métodos académicos de Paris (escolástica em lógica e gramática), e em retorno mandaram para Paris as suas aptidões de organização através da Reforma de Standonk do Colégio Parisience de Montaigu, para que este último adquirisse as características de Zwolle, nomeadamente: classes graduadas divididas em decuriae , exames de passagem, promoções periódicas, e uso de estratagemas mnemónicas tais como o repiarium  como estratagemas disciplinares do notatores , desconhecido em Paris anteriormente (Condina Mir, esp.183-90; Jean-B. Herman; Durkheim).

Dentro deste esquema genético deve-se realçar, no entanto, que os Jesuítas modificaram o modus parisiensis  em Itália de acordo com os gostos do povo Italiano, uma vez que em todas as frentes e sob todos os climas eles sempre dirigiram um jogo competitivo pessoal de ajustamento aos costumes do mundo. Adoptaram o entusiasmo pela retórica que encontraram em Roma por causa da eminência de Muret, Manuzio e de tantos outros oradores de sucesso. Eles foram e mantiveram-se mestres em submeterem-se a todos os meios para o fim de "a maior glória de Deus". Mais especificamente, Inácio em Montaigu (1528-35) concordou com os ideais devotos e objectivos educacionais de Standonck mas dividiu inteligentemente a direcção com ele nos projectos, uma vez que ele entendia a necessidade e o valor do treino humanista, e assim alinhado mais directamente com Brethren, a quem ele mostrou sempre simpatia, do que com a posição pessoal de Standonck. Daqui a relação com Montaigu é mais desprendida e flexível do que se pode concluir da descrição de Condina Mir (ver, todo o assunto, em Dainville La naissance de l'Humanisme  ch.1, e ver 1.9.2. anteriormente em Standonck). Consequentemente, por exemplo, na sua Epist.IV, 655, citada por Dainville (1940) 15, Nadal mostrou a prescrição de Loiola para os pregadores Jesuítas de um treino humanístico através das orações de Cícero, com exercícios de voz e gestos nas ruínas Romanas em frente a alguns ouvintes.

A imposição de fontes de Condina Mir foi antecipada em parte pelas investigações de Duhr e Herman (cf., por exemplo, com Donohue 57f.). Uma confirmação da tese respeitante ao modus parisiensis  vem da descoberta de Dainville da statuta collegii instituendi Parisis  redigida pelo Senhor Guillaume Du Prat, Bispo de Clermont, e confirmada pelo Jesuíta André Le Jay numa carta secreta de 10 de Março de 1546 para Inácio (Dainville, "Le Collège et la cité: Conférences sur l'histoire de l'éducation, 1963-1970" 150-64). Em 1543 o bispo tinha concebido um plano para transformar a diocese da rua de La Harpe num colégio universitário para o treino de padres. Mas baseado no concelho de Le Jay ele transferiu a nomeação para Inácio, e torna-se no famoso Colégio Jesuíta de Clermont efectivamente inaugurado somente em 1563, contra a oposição feroz da Universidade de Paris, e depois de uma demonstração a escola foi montada pelos Jesuítas em 1556 na pequena cidade de Billom dentro da diocese de Du Prat (Huppert 105). Os originais statuta  são um plano muito detalhado mostrando as influências humanistas, o uso de loci communes  de erasmus, e mesmo sugestões de Sturm.

Mais especificamente, a insistência de Codina Mir no aspecto das qualificações necessárias para o descuriae , uma vez que exista somente uma escassa evidência de ser extensivamente praticado pelos Jesuítas. O Ratio  não o determina especificamente e os documentos mais antigos restringe-o às classes inferiores. Na realidade, o Ratio , art.37 das Regras para Perfeito das Classes Inferiores, atribui ao Perfeito o dever de nomear um Censor Público para cada classe ou, se este título for considerado desagradável, um Pretor ou "decurio maximus" (isso é, para todas as classes), mas isso deixa a implementação ao critério local ("de acordo com os costumes locais"). Por outro lado, é interessante notar que a divisão em decuriae  poderia ser também aplicada fora das classes. O Manuscrito Jesuítico 1625(3) do século XVII da Biblioteca Nacional de Roma ("Regola scholarum Collegii Romani in secrotiore sodalítio sub invocatione S.Aloisii Congregatorum"), por exemplo, fala da Congregação de Madonna del Governo na Casa Professa de Roma como sendo dividida em doze decuriae  Congregações eram grupos de estudantes ou outros associados da Ordem, que se juntavam voluntariamente para praticarem algum método particular de culto ou ritual de devoção.

Os decuriae  eram também relacionados com o aspecto de classificação, uma vez que a graduação dos estudantes por mérito dentro do decuriae  era a coisa mais próxima da graduação individual. Os Jesuítas, geralmente como educadores antes dos tempos modernos, não classificavam formalmente os trabalhos de casa ou mesmo testes dos alunos, mas listavam os estudantes publicamente em ordem de mérito pelos seus resultados. Graduações de Bacharéis, Mestres ou Licenciados em Filosofia, e doutores de Filosofia ou Teologia eram garantidos depois de conjuntos complexos de exames formais conduzidos na presença de conselhos de três Examinadores elegidos e outros instrutores, o veredicto ser simplesmente Aprovado ou Não-Aprovado. Mais uma vez, a publicação das listas dos Aprovados dava os nomes em ordem de mérito. Ver, por exemplo, "Consuetudines Colegii Romani", Manuscrito 140 fólios 48r-51r em Villoslada 91; De artium liberalium studiis  de Ledesma em Mon. Paed.  (1901) 464-70; e uma apresentação resumida de todo o assunto em Villoslada 91-96. Estas práticas, no entanto, eram limitadas por outros critérios. Os bancos nas salas de aulas poderiam ser atribuídas para que reflectissem a ordem de mérito, mas mais frequentemente a distribuição dos alunos reflectia o status social, os nobres recebiam os melhores lugares e os padres, primeiro os Jesuítas, estando separados dos externos (Ratio , art.29 das Regras para Perfeito das Classes Inferiores). Mais, alguma larga classificação dos progressos como do comportamento, devoção, e disciplina dos estudantes era registada pelos instrutores e preceitos, embora o Ratio  referisse-se vagamente a tais registos e impõe mesmo segredo na classificação dos exames até poderem ser seguramente publicados (ibidem arts.20, 22, e 24). Dados mais precisos do sistema de classificação só estão disponíveis a partir do século XIX (Salomone 78 fn.9).

Quanto à disciplina, quando os estudantes saissem dos edifícios do colégio para assistirem a aulas em escolas públicas deveriam "ir e voltar aos pares", e "as suas conversas com estudantes de fora da Sociedade deveriam ser apenas sobre assuntos respeitantes ao ensino ou à espiritualidade" ([349]: Ganss ed. 186).

 

Tradução de Janine Figueirinhas Catarino, no âmbito da cadeira “História e Filosofia da Educação”,  1995/96

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt