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Se quiser conhecer algumas obras, entre aqui!

 

    Até hoje, Bertrand Russell continua a ser um dos mais rigorosos e sistemáticos lógicos matemáticos. Tendo-se revelado com pouca idade, quase ocasionalmente, a sua vocação foi amadurecendo até que, no Congresso Internacional de Filosofia, em Paris em 1900, ao ouvir as discussões entre Peano de Turim e de outros filósofos presentes, Russell se convenceu da importância de uma reforma da lógica para a filosofia da Matemática. Não conhecia anteriormente a obra de Peano, mas ficou impressionado pelo facto de em todas as discussões Peano mostrar mais precisão e rigor lógico do que qualquer um dos outros. Aproximando-se de Peano, Bertrand Russell disse-lhe: «Desejo ler as suas obras; traz, porventura, exemplares consigo?» Peano tinha-as. Russell em pouco tempo leu-as todas e foram elas que impulsionaram as suas ideias sobre os princípios da Matemática.
    A sua lógica matemática encontra-se entre três obras principais (
The Principles of Mathematics, 1903; Principia Mathematica, em colaboração com Whitehead, em três volumes, 1910-13;  An Introduction to Mathematical Philosophy, 1919). Nelas encontramos a indagação vasta e perspicaz dos conceitos matemáticos fundamentais e das suas articulações com outras esferas do saber: principalmente com a lógica, mas também com as ciências, com a gnoseologia e com as análises da linguagem em geral.

     Podemos dizer que o trabalho filosófico de Russell está dividido em dois períodos distintos. O primeiro, até 1914, é o tempo em que Russell se dedicou a investigar se havia alguma verdade na Matemática. Aí se insere a sua magnífica obra Principia Mathematica, publicada pela primeira vez em 1910 com a colaboração de A. N. Whitehead. Era uma obra bastante volumosa, e o manuscrito foi levado ao editor de maneira descuidada numa carruagem de cavalos. Foi tratado depois com a mesma irreverência - primeiro deitado para o cesto dos papéis e depois queimado, mas não antes dos co-autores terem contribuído com cinquenta libras cada um para as despesas de publicação. Tal como acontece com a teoria da Relatividade de Einstein, afirma-se que Principia Mathematica só foi totalmente compreendida por um número muito limitado de pessoas. Russell, numa carta a duas senhoras que lhe escreveram a dizer o quanto tinham apreciado o livro, declarou peremptoriamente: Não acredito que tenham lido Principia Mathematica. Até agora só tive conhecimento de seis pessoas que o leram todo, três polacos que foram mortos por Hitler, e três americanos do Texas que foram absorvidos por osmose e se diluíram na grande massa do povo.
    Russell situava o segundo período a partir de Agosto de 1914, altura em que pretendeu alargar a sua leitura ao público e encaminhar os seus pensamentos para problemas de interesse prático, mais imediato.

 

    As contribuições de Russell para a Matemática incluem a sua descoberta do Paradoxo de Russell, a sua defesa do logicismo (a visão de que a Matemática é, num sentido significativo, reduzida a lógica formal), a sua introdução à teoria das classes e dos tipos.

    Segundo Russell, a Matemática é "uma ciência dedutiva". Partindo de certas premissas chegamos, através de um rigoroso processo de dedução aos vários teoremas que a constituem.

     «Em Matemática, dadas as premissas, não é necessário qualquer apelo ao senso comum ou à intuição, ou a algo mais que não seja rigorosa lógica dedutiva». 

    Russell prescinde assim do apelo kantiano à intuição e estabelece canonicamente que «o que se pode saber, em Matemática e com métodos matemáticos, é aquilo que se pode deduzir por via puramente lógica». 

    Um dos problemas que Russell se coloca é: quais são as relações existentes entre a Matemática e a Lógica?
    Historicamente falando, diz ele, são duas disciplinas completamente distintas, uma ligada à ciência e a outra à filosofia. No entanto, na época moderna, as suas relações são cada vez maiores: a lógica torna-se mais matemática e a matemática cada vez mais lógica. 

«A consequência é que actualmente é de todo impossível traçar uma linha entre as duas, porque são uma única coisa... A lógica é a juventude da matemática, e a matemática é a maturidade da lógica.»

 

    Da mesma forma que Russell queria usar a lógica para clarificar conceitos da Matemática, também queria usá-la para clarificar conceitos em Filosofia. Enquanto um dos fundadores da filosofia analítica, Russell é recordado pelo seu trabalho em que usa a lógica de primeira ordem e pelo seu empenho na importância da forma lógica para a resolução de muitos problemas filosóficos. Aqui, tal como na Matemática, a sua esperança era que aplicando maquinaria lógica podessemos ser capazes de resolver grandes dificuldades.

 

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt