A Escola Nuno GonçalvesA construção da escola
Construção da escola no início dos anos 50 [Contexto da construção] [Projecto] [Tipo de Construção] O contexto da construção da escolaNo plano de distribuição das escolas
técnicas elementares de Lisboa, tornou-se necessário construir uma escola que
servisse as populações dos bairros do Alto do Pina, Penha e Vale Escuro,
em crescente urbanização. Como todas as escolas técnicas elementares de Lisboa e Porto daquela altura, as instalações destinavam-se a uma população escolar de 30 turmas (cerca de 1000 alunos) e, no caso desta escola, visavam a frequência masculina. O terreno, onde se situa a escola, foi indicado pela Câmara Municipal de Lisboa e aprovado pelos Ministros da Educação Nacional e Obras Públicas. Confronta a poente com a Avenida General Alves Roçadas e forma um quadrilátero com aproximadamente um hectare de área. Grande parte do terreno pertencia à Câmara tendo sido necessário, após algumas negociações, a expropriação de diversas casas e de uma antiga quinta. O ProjectoO projecto da Escola Técnica Elementar Nuno Gonçalves foi elaborado pelos Serviços Técnicos da Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário. O grupo técnico que colaborou no referido projecto foi constituído pelo Arquitecto António José Pedroso, Engenheiro Gabriel de Matos (engenharia civil), Engenheiro António Carvalho Lopes Monteiro (engenharia electrotécnica), Joaquim Infante (medição e orçamento) e Jorge Neto Tavela de Sousa (mobiliário).
Os três corpos foram dispostos em U, tendo por base o corpo de oficinas e estabelecendo-se a ligação entre os dois outros corpos através da galeria-recreio coberto, ficando este último aberto a sul. Esta disposição era considerada na altura como a mais simples, conveniente e funcional. Corpo de aulasApós vários estudos para implantação dos três corpos da escola ficou resolvido que a frontaria mais valorizada do corpo principal (aulas) ficaria de frente para a Avenida General Alves Roçadas. Consequentemente as salas de aula ficaram orientadas 82ºSE, embora a Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário considerasse preferível a orientação a sul. No entanto admitiam ainda a orientação a nascente, como era usual ocorrer nos antigos liceus em Lisboa, considerando alguns higienistas da altura como sendo a orientação mais vantajosa. Com este tipo de orientação as aulas de desenho, viradas a poente, ficaram beneficiadas uma vez que os edifícios escolares eram equipados com estores interiores de lâminas metálicas de inclinação variável permitindo, deste modo, regular e difundir a luz. De salientar que no projecto desta escola foi introduzida uma modificação, colocando-se a entrada ao centro da fachada do edifício. Nos projectos-tipo desta altura a entrada para o corpo de aulas localizava-se, normalmente, junto a um topo o que era considerado funcionalmente bom. Iniciou-se assim, com a Escola Nuno Gonçalves, uma nova expressão das frontarias das escolas.
O tipo de construção adoptado nesta escola permitiu a instalação de várias arrecadações no vão do telhado. Os corredores do primeiro e terceiro pisos possuem iluminação e ventilação naturais, enquanto no corredor do segundo piso foi necessário colocar janelas e chaminé ventiladora. As instalações sanitárias dos alunos ficaram localizadas entre os corpos de educação física e as oficinas, permitindo deste modo a sua comunicação e o fácil acesso durante o recreio. Foram também previstas instalações sanitárias de emergência no primeiro e terceiro pisos do corpo de aulas Corpo de oficinasA disposição do corpo de oficinas respeitou as indicações do projecto-tipo. No entanto, no seu aspecto exterior foi totalmente alterado o tipo de cobertura. No projecto-tipo, a cobertura apresentava empenas nos topos de cada dependência, ficando com um lanternim longitudinal. A decisão passou por usar como cobertura “laje de betão armado, recebendo as oficinas de topo a luz por janelas altas abertas nas três faces enquanto as restantes oficinas ficam iluminadas por janelas abertas nas extremidades e por um lanternim central em que os caixilhos envidraçados são verticais” (in Memória Descritiva e Justificativa do Projecto de Construção da Escola Técnica Elementar Nuno Gonçalves, Ministério da Educação). Corpo de educação física
Tipo de construçãoAs características geológicas e geomorfológicas do terreno determinaram a utilização de fundações directas de alvenaria a profundidades variáveis (média 2,0m). O tipo de construção foi o correntemente utilizado pela Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário nomeadamente, paredes de alvenaria e pavimentos de betão armado, inclusivamente o último corpo de aulas que serve de suporte aos pilares onde se apoiam as madres de cobertura. No entanto, o tecto do ginásio é de madeira com asnas à vista. Foram utilizados, pela primeira vez, tectos lisos formados por espessas lajes com intercalações de tijolos cerâmicos de construção não patenteada.Foi ensaiado, no primeiro piso, o suporte das caixas de ar dos pavimentos de soalho através de um sistema de abóbodas de tijolo fechadas, directa e simplesmente apoiadas em pequenas paredes de fundação. Os principais materiais utilizados foram cantaria de calcário branco e telha tipo românico sobre estrutura de madeira no telhado. Relativamente aos revestimentos interiores estes foram os correntemente utilizados, nomeadamente, soalho e paredes de massa de areia nas salas de aula normais, azulejos hidráulicos com incorporação de pedra miúda nos corredores e corticite nas aulas de ciências naturais. OrçamentoA verba disponível para a construção da escola foi fixada pelo programa de construção dos edifícios escolares profissionais, ao abrigo do decreto nº. 37028, no valor de 9.500.000$00. Depois de descontado o valor de 600.000$00 para compra do terreno e a percentagem para gastos gerais de 4,7619%, o valor disponível ficou reduzido a 8.447.629$00. O custo obra da escola ficou previsto num total de 8.520.435$00, o qual pode ser assim discriminado: 6.551.010$00 – Construção civil; 591.223$00 – Arranjos exteriores; 420.228$00 – Instalação eléctrica; 757.754$00 – Mobiliário; 200.000$00 – Projecto e fiscalização. |
Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
|