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Alojamento

Assim que chegassem à cidade universitária, os estudantes teriam de arranjar alojamento. Caso não conhecessem ninguém que os pudesse albergar, teriam de alugar uma casa ou um quarto.
Não tardou que a procura fosse maior que a oferta, pelo que os proprietários eram acusados pelos estudantes de os explorarem. A falta de alojamento foi-se agravando à medida que a reputação dos estudantes ia piorando, uma vez que os proprietários recusavam-se a alugar-lhes os quartos.
Para a resolução deste problema, foi necessária a intervenção do poder político, que na maioria das vezes faziam de tudo para manter as universidades nas suas cidades, e do poder religioso.
Em 1155 o Papa Clemente III pedia a intervenção do Bispo de Bolonha, pedindo que interviesse no sentido de fazer com que se baixassem as rendas e que se respeitasse o costume, segundo o qual, um quarto uma vez alugado a um estudante, ficaria sempre destinado a esse fim.
Os quartos teriam uma ou mais camas, consoante o número de estudantes que ai dormiam, com mantas de corres garridas e por vezes, lençóis. Também existiam alguns bancos ou cadeiras, uma mala para guardar a roupa e algumas prateleiras para porem os livros.

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Colégios

Ainda no século XII surgiu o primeiro colégio. Os colégios eram instituições que tinham como objectivo remediar as más condições dos alojamentos geralmente disponibilizados ou acessíveis a alunos e mestres e permitir também que os estudantes mais necessitados pudessem prosseguir os estudos. No entanto, por reduzida que fosse a renda - 9 francos foi o preço mínimo, em 1179, e 12 francos o valor máximo, em 1225 -
era sempre demasiado cara para os estudantes pobres. 
Os colégios era geralmente fundados e mantidos através de heranças ou doações feitas por membros da família real ou da aristocracia, mas também algumas nações (agrupamentos de estudantes de uma dada nacionalidade) - sendo neste caso o colégio destinado aos alunos destas e, eventualmente, aos mestres. Como alternativa aos colégios, os estudantes recorriam por vezes a "hospícios" ou hotéis (onde também era frequente o agrupamento segundo a nacionalidade) ou às "pedagogias" - que eram regidas por um pedagogo, professores ou aluno e que, no caso de algumas pedagogias da nação anglo-germânica em 1487 em Paris podiam até ser administradas por mulheres.
Estando os colégios vocacionados para receber e alojar os alunos menos abastados, em compensação estes tinham de se sujeitar a trabalhar com afinco e a regras disciplinares austeras, que variavam de colégio para colégio. No caso do colégio dos dezoito, os estudantes nele alojados tinham direito a quarto, cama, acesso a uma sala comum, refeitório e 12dinheiros por mês. O deão era responsável pelo bom funcionamento do colégio, bom comportamento e admissão dos alunos-bolseiros. Em contrapartida, tinham a obrigação de acompanhar os mortos do hospital onde o colégio estava inserido ao cemitério, transportando a cruz de Cristo e a água benta, e deviam ainda orar e cantar salmos todas as noites. Estes tinham ainda que respeitar um conjunto de regras, de decoro e outras, e se o não fizessem podiam até ser expulsos.
Para serem admitidos a título de commensales, os alunos tinham de corresponder a um determinado conjunto de requisitos como: bom conhecimento de latim, idade exigida, serem filhos legítimos, terem bom carácter, serem saudáveis, bons cristãos e quererem aprender. Cada aluno deveria ser uma referência exemplar para os restantes. A idade variava dos 16/17 aos 24/30 anos.
Para garantir a sustentabilidade dos colégios também eram ocasionalmente admitidos estudantes ricos, que eram tratados com deferências, tanto pelo prestígio que traziam ao colégio como pela situação financeira que permitiam melhorar.
Os mestres iam por vezes dar aulas aos colégios onde estavam no entanto, tal como os alunos, sujeitos às regras próprias destes - próximas das regras monásticas. Podendo haver assim alguma autonomia em relação à universidade, esta também não era idêntica para todos os colégios, sendo maior em Inglaterra que em França, por exemplo.

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt