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Desordens

O estudante medieval estava sujeito a uma disciplina rigorosa e exigente. Contudo, o facto de não estarem sob a tutela dos pais e de possuírem inúmeros privilégios clericais, levava-os a cometerem inúmeros excessos.
Eram frequentes as brigas entre os estudantes e a população citadina, que obrigavam muitas vezes à intervenção do Rei e do Papa.
Em Lisboa, 20 anos após a criação da universidade, o Rei D. Dinis pedia autorização ao Papa para a transferência da universidade para a cidade de Coimbra devido às frequentes desordens entre os estudantes e a população, resultado da expansão natural da juventude agravada pelos privilégios jurídicos do foro académico. Uma vez em Coimbra as hostilidades continuaram pelo que o Rei declarava os estudantes sob a sua protecção.
Os estudantes eram acusados de pilharem vinhas, ultrajarem raparigas, agredirem maridos ofendidos, taberneiros e não só, o que levava a represálias por parte da população resultando em lutas.

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Goliardos

No extremo da libertinagem estudantil, encontravam-se os Goliardos.
Considerados por alguns autores como vagabundos, desenvergonhados, charlatães, bobos, boémios, agitadores e perversores da ordem, há quem os considere, porém, como uma espécie de inteligência urbana, como forma de oposição ao feudalismo.
De origem social diversa, eram poetas de índole social e de espírito revolucionário. Nos seus poemas exaltavam a trilogia do jogo, amor e vinho e constituíam fortes criticas ao clero pelos seus vícios, à nobreza por não renunciarem aos privilégios de nascimento e aos camponeses por se submeterem a todo o sofrimento a que estavam sujeitos.
Sem domicílio fixo, viajavam de cidade em cidade, ganhando a vida mendigando e fazendo de bobos e jograis. Uma vez na cidade desejada juntavam-se aos professores que mais lhes agradavam a fim de aprenderem com eles.
Sentiam repudio pelos soldados e militares pois consideravam que os torneio de espírito e os combates de dialéctica eram formas mais dignas de combate do que os combates com armas.
Devido à sua critica feroz contra a igreja, perderam os seus benefícios e rendas eclesiásticas, acabando também por perder a protecção junto das universidades. Desta forma, foram perseguidos e condenados até ao seu fim.

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt