As Rubā’iyāt de al-Khayyām

 

        Como já foi dito, al-Khayyām é hoje célebre pelas suas quadras líricas e filosóficas. Apresentam-se de seguida algumas dessas quadras, retiradas de uma versão em português de Alfredo Braga, consultada no endereço da Internet:

 http://www.alfredo-braga.pro.br/poesia/rubaiyat.html.

 

Que pobre o coração que não sabe amar

e não conhece o delírio da paixão.

Se não amas, que sol te pode aquecer,

ou que lua te consolar?

 

Convicção e dúvida, erro e verdade:

são palavras, como bolhas de ar;

brilhantes, ou baças: vazias,

como a existência dos homens.

 

O oleiro ia modelando as alças e os contornos

de uma ânfora. O barro que ele conformava

era feito de crânios de sultões

e mãos de mendigos.

 

Vinho, bálsamo para o meu coração doente,

vinho da côr das rosas, vinho perfumado

para calar a minha dor. Vinho, e o teu alaúde

de cordas de seda, minha amada.

Quando eu não mais viver, não haverá mais rosas,

nem lábios vermelhos, nem vinhos perfumados;

não haverá auroras, nem amores, nem penas:

o Universo terá acabado, pois ele é o meu pensamento.

 

Homem ingénuo, pensas que és sábio

e estás sufocado entre os dois infinitos

do passado e do futuro. Não podes sair.

Bebe, e esquece a tua impotência.

 

 

 

Estudei muito e tive mestres eminentes

e me orgulhava dos meus progressos e triunfos.

Agora lembro-me do sábio que eu era: era como a água

que toma a forma do vaso, como a fumaça ao vento.

 

Rosas, taças, lábios vermelhos:

brinquedos que o Tempo estraga;

estudo, meditação, renúncia:

cinzas que o Tempo espalha.